O fascismo contado em fábulas e na obra de Márcia Tiburi
Programado pelo FIMFA, Fábulas Antropofágicas para Dias Fascistas é um teatro de marionetas pela companhia Pigmalião, que estará no São Luiz, Lisboa, entre esta sexta e domingo.
São histórias passadas numa floresta, entre presas e predadores, entre aqueles que enchem o peito com o poder de que gozam e se alimentam daqueles que, em toda a sua fragilidade e inocência, caem na sua armadilha. Estes predadores chegam a dançar YMCA, lobos em pele de cordeiros, marionetas com corpos humanos e cabeças de animais, que assim se apresentam primeiro para disfarçar a fome de devorar todos os outros à sua volta. O pobre cordeiro, hesitante e cauteloso, vai até ao rio matar a sede, não antecipando que pode ser ele a acabar morto pouco depois. Porque aparece um lobo, enorme, ameaçador, um dos braços humanos enfeitado com uma braçadeira onde se lê FF (de Fantoches Fascistas), e que se aproxima, à procura de um pretexto para devorar o cordeiro – “porque mesmo as fábulas exigem um protocolo antes do massacre”, escuta-se na voz do narrador. O pretexto, o mais absurdo e à mão, é o de que o rio lhe pertence. E, assim, desrespeitado na sua pretensa propriedade, o FF dita que terá de haver consequências para tamanha insubordinação do cordeiro.
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