Vulcão na Islândia volta a lançar lava e fumo

É a quinta erupção, desde Dezembro, na fissura vulcânica de Sundhnúkur. Há três de três anos, os sistemas vulcânicos da Península de Reiquiavique tornaram-se activos, após uma dormência de 800 anos.

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Vulcão entrou em erupção perto de Grindavik, na Península de Reiquiavique, na Islândia Protecção Civil da Islândia/REUTERS
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Vulcão entrou em erupção perto de Grindavik, na Península de Reiquiavique, na Islândia Protecção Civil da Islândia/REUTERS
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Vulcão entrou em erupção perto de Grindavik, na Península de Reiquiavique, na Islândia Protecção Civil da Islândia
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Um vulcão a sul da capital da Islândia, Reiquiavique, está a expelir fumo e lava desde quinta-feira, embora agora a um ritmo bastante mais lento, segundo as autoridades.

A erupção, a quinta desde Dezembro naquela zona (a fissura vulcânica de Sundhnúkur), foi a mais potente desde que os sistemas vulcânicos da Península de Reiquiavique se tornaram activos há três anos, depois de terem estado adormecidos durante séculos, segundo o Serviço Meteorológico islandês.

“Desde ontem à tarde, a actividade da fissura vulcânica de Sundhnúkur diminuiu significativamente”, declarou, na quinta-feira, o Serviço Meteorológico da Islândia em comunicado, acrescentando que a corrente de lava se concentrou sobretudo à volta da área do pico de Hagafell.

A cidade piscatória de Grindavik, onde apenas algumas pessoas regressaram depois de algumas casas terem sido destruídas pela lava no início deste ano, foi novamente sujeita a uma ordem de evacuação, tal como a estância termal ao ar livre Lagoa Azul, uma importante atracção turística de luxo nas proximidades. As evacuações, que incluíram ainda uma central geotérmica em Svartsengi, ocorreram antes da erupção do magma.

Jona Runa Erlingsdottir, gerente de uma fábrica de peixe salgado em Grindavik, estava a trabalhar quando a erupção começou na quarta-feira e a sirene foi ouvida em toda a cidade. “Só tivemos uma hora para limpar o local e sair”, disse Erlingsdottir à agência de notícias Reuters.

A fábrica de peixe retomou as suas actividades em Abril, depois de ter sido transferida para uma cidade vizinha devido às erupções anteriores. No início deste ano, foram construídos grandes diques à volta de Grindavik para desviar os fluxos de lava da cidade.

“Foi um pouco estranho voltar a trabalhar lá e ver os muros de segurança à volta da cidade. Não temos a mesma visão de antes, contou a gerente da fábrica. “Acho que nunca mais será a mesma coisa em Grindavik. Só espero que esta seja a última erupção.”

O serviço de meteorologia islandês informou ainda que os fluxos de lava atingiram os diques construídos em torno de Grindavik, desviando a rocha derretida para oeste em torno da cidade.

Não há registo de feridos na sequência da erupção. E o aeroporto de Keflavik, o maior da Islândia, estava a funcionar normalmente.

Uma série de erupções desde 2021

A Península de Reiquiavique em tido uma série de erupções vulcânicas desde 2021, quando os sistemas vulcânicos da região, adormecidos há cerca de 800 anos, se tornaram activos novamente.

Segundo os peritos, a região, situada a sul da capital do país e onde vivem 30 mil pessoas, poderá sofrer repetidamente, durante vários séculos, as chamadas “erupções fissurais”. Vejamos algumas destas erupções recentes.

A 19 de Março de 2021, a lava irrompia de uma fissura de 500 a 750 metros de comprimento no sistema Fagradalsfjall. A actividade vulcânica na área continuou durante seis meses, levando milhares de turistas a visitar a região. Mais de 40 mil sismos tinham sido registados na Península de Reiquiavique no mês que antecedeu a erupção, o que foi um enorme salto em relação aos 1000 a 3000 sismos por ano desde 2014.

Já a 3 de Agosto de 2022, começou outra erupção, de três semanas, no sistema vulcânico de Fagradalsfjall, antecedida de vários dias de actividade sísmica. Devido aos gases tóxicos, foi pedido aos turistas e aos residentes que evitassem a zona e um “código vermelho” impediu os aviões de sobrevoar o local.

A 18 de Dezembro de 2023, uma erupção no sistema vulcânico de Svartsengi, perto da vila piscatória de Grindavik, lançou lava e fumo para uma vasta área, também após semanas de intensa actividade sísmica. Uma fenda no solo, com cerca de quatro quilómetros de comprimento, estendeu-se em direcção a Grindavik.

A 14 de Janeiro de 2024, outra erupção durou dois dias e o fluxo de lava atingiu os arredores de Grindavik, onde vivem cerca de 4000 habitantes, incendiando três casas.

Ainda este ano, a 8 de Fevereiro, outra erupção durou cerca de um dia, com a lava a jorrar a 80 metros de altura a partir de uma fissura de três quilómetros. A lava danificou as condutas, tendo o abastecimento de água quente utilizada para aquecer as casas sido cortado durante as temperaturas gélidas do Inverno. A estância Lagoa Azul fechou depois de a lava ter coberto uma estrada.

A 16 de Março deste ano, começou uma erupção entre os picos Hagafell e Store-Skogfell que durou 54 dias, o que a torna a segunda mais longa na Península de Reiquiavique desde 2021. Por fim, na última quarta-feira (29 de Março), começou a erupção em curso perto de Hagafell, também depois dos sinais que davam conta de uma intensa actividade sísmica na zona.

Para a erupção vulcânica em curso, o Serviço Meteorológico da Islândia recebeu relatos de brumas vulcânicas em várias partes do país. “A bruma vulcânica consiste em partículas de enxofre (SO4) formadas devido a reacções químicas entre a pluma de erupção e o oxigénio na atmosfera”, explicou aquela instituição no comunicado.

“Este processo acelera-se quando a temperatura do ar é mais elevada e o sol está a brilhar, como foi o caso quando a erupção começou. Estas partículas de enxofre não são detectadas pelos medidores de gás SO2, mas são visíveis como uma névoa cinzento-azulada quando é atingida uma determinada concentração”, dizia-se ainda no comunicado sobre as brumas vulcânicas, acrescentando-se que, quanto aos valores medidos das partículas finas (PM1 e PM2.5) presentes no ar, “não estão acima de nenhum limiar de saúde”.