Partido de Benny Gantz propõe dissolução do Parlamento israelita

Rival político de Benjamin Netanyahu ameaçou abandonar o gabinete de guerra e exige a definição de um plano para Gaza após o fim da guerra.

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Gantz integrou o governo israelita e o gabinete de guerra após os ataques do Hamas, em Outubro passado POOL / REUTERS
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O antigo general israelita Benny Gantz, membro do gabinete de guerra que foi criado na sequência dos ataques do movimento islamista Hamas em Israel, em Outubro passado, anunciou nesta quinta-feira que vai propor a dissolução do Parlamento do país.

Segundo a agência Reuters, o partido de Gantz — o Partido da Resiliência de Israel, do centro-direita — poderá não ter o apoio necessário para provocar a realização de eleições antecipadas e a queda do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

O anúncio da proposta de dissolução surge quase duas semanas depois de Gantz — um rival político de Netanyahu que aceitou integrar um governo de unidade nacional na sequência dos ataques do Hamas — ter ameaçado abandonar a coligação se o primeiro-ministro não anunciar um plano para o futuro de Gaza após o fim da guerra.

Esta exigência subiu de tom após o bombardeamento em Rafah, no último domingo, que os EUA classificaram como "horrível". Numa reacção ao ataque israelita, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, reforçou o apelo dos EUA à apresentação de um plano para o dia seguinte ao fim da guerra.

Em resposta à notícia desta quinta-feira, Netanyahu disse que Israel "precisa de unidade" e afirmou que o colapso do Governo iria "prejudicar o esforço de guerra".

Há duas semanas, Gantz exigiu a Netanyahu que se comprometa com uma visão consensual para a guerra em Gaza, que inclua a estipulação de quem poderá governar o território.

Nessa altura, o antigo general disse que o gabinete de guerra devia elaborar um plano de seis pontos até 8 de Junho. Se as suas expectativas não forem satisfeitas, retirará o seu partido da coligação de emergência.

Netanyahu parece ter sido ultrapassado no seu próprio gabinete de guerra, onde só ele, Gantz e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, têm poder de voto — e Gallant já exigiu clareza nos planos para o pós-guerra e pediu a Netanyahu que renuncie a qualquer reocupação militar de Gaza.

Se o primeiro-ministro fizer isso, arrisca-se a pôr em perigo o apoio dos partidos ultranacionalistas da coligação, que apelaram à anexação de Gaza. Perder esse apoio poderia derrubar Netanyahu, que antes da guerra não conseguiu angariar parceiros menos radicais devido às acusações de corrupção de que foi alvo.

"Considerações pessoais e políticas começaram a penetrar no âmago da segurança nacional de Israel", disse Gantz há duas semanas.

O mesmo responsável disse que o seu plano inclui um sistema temporário de administração civil em Gaza, repartido entre os EUA, a Europa, os árabes e os palestinianos, com Israel a manter o controlo da segurança.

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