Jurados no julgamento de Trump iniciam segundo dia de deliberações

No primeiro dia, os 12 jurados pediram para terem acesso a parte do testemunho de David Pecker, um antigo patrão do jornal nova-iorquino National Enquirer.

Foto
O Ministério Público de Manhattan deduziu 34 acusações contra Donald Trump Seth Wenig / VIA REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:58

Os 12 cidadãos de Manhattan, em Nova Iorque, que vão decidir se Donald Trump será o primeiro ex-Presidente dos Estados Unidos a ser condenado pela prática de crimes, regressam esta quinta-feira ao tribunal para retomarem as suas deliberações.

O processo de decisão dos jurados começou na tarde de quarta-feira, um dia depois de os advogados de Trump e os procuradores do Ministério Público de Manhattan terem apresentado as respectivas alegações finais. O veredicto pode ser anunciado a qualquer momento, e é possível que as discussões do júri se prolonguem por vários dias ou semanas.

Na quarta-feira, os 12 jurados — sete homens e cinco mulheres — pediram ao juiz que lhes fosse lida, novamente, partes dos testemunhos de David Pecker, um antigo patrão do jornal nova-iorquino National Enquirer, e de Michael Cohen, um ex-advogado de Trump.

Estes pedidos são comuns durante as deliberações dos jurados e não permitem fazer qualquer leitura sobre o eventual desfecho do processo.

Durante o julgamento, Pecker confirmou que fez um acordo, em 2015, para detectar e silenciar informações potencialmente prejudiciais para Trump, que acabara de anunciar a sua candidatura à eleição presidencial de 2016.

Foi no âmbito desse acordo, segundo a acusação, que Trump instruiu o seu advogado, Michael Cohen, a pagar 130 mil dólares (121 mil euros) à antiga actriz de filmes pornográficos Stormy Daniels, que ameaçava divulgar, a poucos dias da eleição de 2016, que tivera um encontro sexual em 2006 com o então candidato do Partido Republicano.

Segundo a acusação, o crime foi cometido já em 2017, quando Trump reembolsou Cohen através de um esquema fraudulento, que consistiu no registo do reembolso, feito em várias prestações, como pagamentos por serviços de apoio jurídico.

A fraude alegada pela acusação assumiu uma particular gravidade já que terá sido feita para esconder o silenciamento de uma informação prejudicial para Trump a poucos dias da eleição presidencial.

O facto de alguns jurados terem pedido, na quarta-feira, uma nova leitura dos testemunhos de Pecker e de Cohen pode indicar que o veredicto não será anunciado esta quinta-feira.

Para que Trump seja considerado culpado das 34 acusações de que é alvo — 11 cheques de Trump, 11 recibos de Cohen e 12 registos nas contas da Trump Organization —, a decisão dos jurados tem de ser unânime. Da mesma forma, o ex-Presidente dos EUA só será inocentado de uma ou mais acusações se todos os jurados estiverem de acordo.

Se pelo menos um dos 12 divergir dos restantes, o juiz poderá declarar um veredicto inconclusivo e anular o julgamento. Nesse caso, o Ministério Público de Manhattan poderá deduzir uma nova acusação contra Trump, o que não é possível se os 12 jurados inocentarem o ex-Presidente dos EUA.

Se Trump for considerado culpado, pode ser condenado pelo juiz a uma pena máxima de quatro anos de prisão. Nesse caso, é provável que o ex-Presidente dos EUA não tenha de cumprir uma pena de prisão efectiva, devido à sua idade (77 anos), ao facto de não ter antecedentes criminais e de não estar em causa um crime violento.

Qualquer que seja o veredicto, Trump não poderá ser impedido pelos tribunais de se manter como candidato à Presidência dos EUA.

Sugerir correcção
Comentar