Estudantes ocupam UMinho: pedem fim de relações com Israel e “reconhecimento do genocídio” em Gaza

Estudantes montaram tendas e dormiram num edifício da Universidade do Minho. Dizem-se decididos a permanecer no edifício até conseguirem uma audiência com o reitor.

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Estudantes dormiram na UMinho na noite desta quarta-feira DR
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Na madrugada desta quarta-feira, cerca de uma dezena de estudantes dormiram, acampados em tendas, na Universidade do Minho, em solidariedade com a Palestina. O protesto, organizado pelo colectivo Estudantes Pela Palestina UMinho, inspirou-se nas ocupações da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que aconteceram ao longo do mês de Maio, e mantém-se no Complexo Pedagógico II, no Campus de Gualtar, em Braga.

Os estudantes, que aguardam uma resposta do reitor Rui Vieira de Castro a um pedido de audiência, reivindicam “um posicionamento inequívoco do reconhecimento do genocídio a decorrer na Palestina”, a “revisão profunda dos acordos com as universidades e centros de investigação israelitas, bem como a necessidade de os cessar”, a “intensificação da cooperação com instituições de ensino e centros de investigação da Palestina” e o reforço de “programas de cooperação, voluntariado e assistência humanitária à população palestiniana”.

José Miguel Dinis, estudante de mestrado de Cognição Humana e um dos manifestantes presentes na ocupação, conta que a semente para começar um protesto nestes moldes começou numa assembleia a 15 de Maio, organizada pela Academia Pela Palestina Braga, que assinalou os 76 anos da Nakba – ou a “Catástrofe”, em português —, que obrigou 700 mil palestinianos a abandonar as suas terras e casas depois da fundação do Estado de Israel. Segundo os estudantes, terá contado com mais de cem pessoas, entre as quais professores e investigadores.

“Temos estado sempre à volta de 15 pessoas [na ocupação]. Ontem estivemos cerca de 20”, contabiliza. “Um ponto essencial do nosso manifesto é convocar uma audiência com o reitor para discutirmos estas reivindicações, na esperança de que a UMinho consiga corrigir os erros que tem cometido até agora”, diz. A este pedido, o reitor respondeu na tarde desta quarta-feira estar ausente até 10 de Junho, e comprometeu-se a responder à solicitação quando regressar.

"O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas afastou, este mês de Maio, a hipótese de as universidades suspenderem as suas parcerias com instituições israelitas. O Conselho Geral da Universidade do Minho continua sem uma decisão tomada em relação ao reconhecimento do povo palestiniano. Bastaram quatro dias para a Universidade do Minho aprovar, por votação em Conselho Geral, a manifestação do seu apoio para com a Ucrânia. A Palestina espera o mesmo voto há 234 dias. Exigimos que na próxima reunião do Conselho Geral seja tomada uma posição concreta relativamente ao genocídio que o Estado de Israel está a cometer para com o povo da Palestina", lê-se no manifesto do movimento.

Durante os protestos na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa foram detidos oito estudantes, que acabaram por ser constituídos arguidos por desobediência civil e que deverão ser presentes a julgamento. A Faculdade de Ciências, por sua vez, ameaçou chamar a polícia, e acabou por fechar o edifício ocupado pelos estudantes, o que os obrigou a retirarem-se e a protestar no jardim.

Para já, os estudantes da UMinho não antevêem a chegada de forças de segurança. Para já, só conversaram com os seguranças da universidade, que se mostraram "compreensivos”, relata o estudante de 24 anos.

Até à hora de publicação deste texto, a UMinho não tinha respondido às questões do P3.

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