EUA exigem a Israel plano para o “dia seguinte” em Gaza após “horrível” bombardeamento em Rafah

Antony Blinken disse que ataque de domingo em Rafah foi “horrível” mas sublinhou que mesmo as operações mais limitadas e precisas podem ter “consequências terríveis e não intencionais”.

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Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, em Chisinau, na Moldova Vadim Ghirda / VIA REUTERS
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O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, exigiu esta quarta-feira a Israel um plano para o “dia seguinte” em Gaza, depois do “horrível” bombardeamento israelita a um campo de deslocados em Rafah, a sul do enclave palestiniano.

"Na ausência de um plano para o dia seguinte, não haverá dia seguinte", afirmou Blinken numa conferência de imprensa durante uma visita à Moldova.

Blinken descreveu o ataque de domingo à noite como um “incidente"” - tal como o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu -, reconheceu que foi “horrível” e considerou que “ninguém que tenha visto as imagens pode deixar de ser profundamente afectado por ele a nível humano”.

“Fomos muito claros com Israel”, disse, exigindo que Israel investigue e determine “exactamente o que aconteceu e por que aconteceu” no ataque, que causou pelo menos 45 mortos num campo de deslocados.

Ao mesmo tempo, sublinhou que mesmo as operações mais limitadas e precisas destinadas a liquidar os terroristas podem ter “consequências terríveis, horríveis e não intencionais”.

Blinken considerou “muito importante” a elaboração de um plano para “o dia seguinte”, precisamente “quando Israel tiver conseguido destruir a capacidade do Hamas”.

Para o governante norte-americano, “as consequências horríveis” de uma acção militar num local onde civis e terroristas vivem tão próximos uns dos outros é o que confirma “o quão imperativo é ter um plano para o dia seguinte”, incluindo a segurança dos habitantes de Gaza e a reconstrução do território.

O Governo da Faixa de Gaza anunciou entretanto que, nas últimas 48 horas, pelo menos 72 pessoas deslocadas foram mortas em bombardeamentos de Israel a acampamentos de tendas improvisadas nos bairros do oeste de Rafah, até agora considerados seguros.

Esta quarta-feira, o exército israelita realizou uma nova incursão militar com tanques em Rafah, bem como em Jabalia e na Cidade de Gaza.

Segundo a Reuters, residentes na cidade afirmaram que os tanques israelitas avançaram para Tel Al Sultan, na parte ocidental da cidade, e para as zonas centrais de Yibna e junto a Shaboura, antes de recuarem para uma zona tampão na fronteira com o Egipto. Estas acções diferenciam-se de outras realizadas noutras áreas da faixa de Gaza, nas quais os tanques permaneciam nos locais de ataque.

“Recebemos pedidos de socorro de residentes em Tel Al-Sultan, onde os drones tinham como alvo os cidadãos deslocados que se moviam das áreas onde se encontravam para as zonas seguras”, contou o director adjunto dos serviços de emergência e ambulâncias de Rafah, Haitham al Hams.

Os braços armados do Hamas e da Jihad Islâmica afirmaram que controlaram as forças israelitas em Rafah com armas antitanque e morteiros, resultando em ataques bem-sucedidos. O exército israelita informou que três soldados morreram e outros três ficaram gravemente feridos.