O Olympiacos aprendeu as lições de quem sabe ganhar
Equipa grega, com vários portugueses em campo, conquistou a Liga Conferência, ao vencer em Atenas por 1-0 sobre a Fiorentina, que ficou sem o título pelo segundo ano consecutivo.
Há mais um país e mais um clube no palmarés de vencedores de competições europeias. O Olympiacos conquistou nesta quarta-feira o seu primeiro título europeu, ao derrotar na final da Liga Conferência a Fiorentina por 1-0, após prolongamento. Um golo do marroquino El Kaabi desfez o nulo no jogo equilibrado e deu o título à formação do Pireu, a terceira a conquistar esta prova depois de Roma e West Ham. Quanto à Fiorentina, que tinha estado na final de 2023, ficou sem o título pela segunda época consecutiva.
Haveria um novo país com títulos europeus (a nível de clubes, nunca um clube grego ganhara uma competição europeia), ou seria a Itália a ficar com mais um dos troféus da época, depois da Liga Europa ter ficado nas mãos da Atalanta? Era o que iríamos ver em Atenas, no estádio do rival AEK, dividido ao meio entre os adeptos “viola” e os incansáveis helénicos a representar os muitos milhões da equipa do Pireu. O Olympiacos tinha uma vantagem: o seu treinador que chegara a meio da época, José Luis Mendilibar, já tinha conquistado a Liga Europa com o Sevilha em 2023. E o mínimo que se pode dizer é que, pelo menos a nível europeu, conseguiu passar a mensagem de como se ganha.
Havia um sabor português em duas das três equipas. Artur Soares Dias liderava a equipa de arbitragem em campo (com Tiago Martins como VAR), o Olympiacos apresentava-se com muitos conhecidos do futebol português, herança do seu ex-treinador português Carlos Carvalhal e do seu ex-director desportivo português Pedro Alves. No “onze”, David Carmo, Daniel Podence e Chiquinho, no banco João Carvalho e André Horta (que entrou durante a segunda parte), mais Sotiris, médio emprestado pelo Sporting.
O confronto entre terceiro classificado da liga grega e o oitavo da Série A italiana não seria o cartaz mais apelativo do mundo e as equipas pouco fizeram em campo para mudar essa narrativa. Mas não deixou de ser um jogo equilibrado, disputado e intenso, de domínio partilhado e oportunidades (poucas) para os dois lados.
Pareceu começar melhor a formação grega, que teve um remate bem perigoso logo aos 4’, de Daniel Podence – à entrada da área, o extremo português atirou e criou muitas dificuldades ao guarda-redes Terracciano. Na resposta, a equipa que veio de Florença ainda ensaiou brevemente festejos de golo com um remate/cruzamento de Biraghi que entrou na baliza, não sendo validado como golo porque Milenkovic estava por perto e em fora-de-jogo.
A Fiorentina pareceu sempre mais intensa durante a primeira parte, mas não o suficiente para agitar a defesa superiormente liderada pelo impecável David Carmo (que parece um jogador diferente, para melhor, do que a versão que vimos no FC Porto). E os gregos, com a boa visão de Chiquinho e as explosões de Podence, também tinha as suas aproximações perigosas – não tão perigosas assim para desafiar o equilíbrio “viola”.
Mais do mesmo na segunda parte, desta vez com ligeiro ascendente do Olympiacos, e alguns remates perigosos, sobretudo um cabeceamento aos 80’ do veterano espanhol Iborra, após livre cobrado porAndré Horta, que passou bem perto do poste da baliza da Fiorentina. Mas os segundos 45 minutos foram, sobretudo, de cautelas mútuas. Ninguém atacou muito e ninguém rematou muito, e, sem surpresa, o jogo iria ter tempo extra – tal como acontecera nas duas anteriores finais da mais recente competição da UEFA.
Essas cautelas não desapareceram no prolongamento, mas foi o Olympiacos quem esteve mais perto do golo. Logo no início, aos 96’, Jovetic atirou com intenção à baliza “viola”, mas Terracciano deteve o remate do montenegrino – seria uma pequena traição de Jovetic, que passou bons anos na Fiorentina. E os gregos ainda reclamaram bastante com Soares Dias um possível penálti por mão na bola de Martínez, mas o árbitro portuense mandou seguir – e deu para perceber que os jogadores portugueses do Olympiacos reclamaram em bom português.
Quando parecia que o nulo ia manter-se, o Olympiacos conseguiu desbloquear o jogo. Numa segunda vaga de ataque, o argentino Hezze conseguiu colocar a bola na área em rota de colisão com o goleador El Kaabi e o marroquino meteu-a lá dentro. A revisão do lance por possível fora-de-jogo manteve a festa em suspenso durante alguns segundos, mas o VAR confirmou o golo, talvez o segundo golo mais importante da história do futebol grego depois da “desfeita” de Charisteas na final do Euro 2004.
Nota: Notícia corrigida às 16h35, trocando o nome do Eintracht pelo da Roma enquanto vencedor da primeira edição, e eliminando a referência a anteriores decisões por penáltis.