Médicos em Luta ensaiam nova onda de recusa às horas extraordinárias a partir de 1 de Julho

O movimento está a apelar aos médicos que assinem uma nova carta a enviar à ministra da Saúde, reeditando o protesto que, em 2023, condicionou o funcionamento das urgências.

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Os protestos dos médicos, que reivindicavam aumentos salariais, multiplicaram-se em 2023 Nuno Ferreira Santos (arquivo)
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A história repete-se. O movimento Médicos em Luta quer reactivar o protesto que no final do ano passado provocou grandes constrangimentos nos serviços de urgência. Este movimento – que surgiu em 2023 nas redes sociais e chegou a congregar cerca de sete mil médicos – está a apelar aos médicos a que assinem uma nova carta, a enviar à ministra da Saúde, em que se mostram indisponíveis para trabalhar mais do que as horas extraordinárias obrigatórias por ano a partir de 1 de Julho, caso o Governo não chegue entretanto a um entendimento com os sindicatos.

A carta foi criada “para que não existam dúvidas na determinação” dos responsáveis do movimento “em garantir que as negociações com as estruturas sindicais cheguem a um bom acordo o mais depressa possível”, explicam no apelo à assinatura da missiva que no início desta semana foi colocado no grupo na rede social Telegram.

“Perante este novo panorama político e a actual situação catastrófica dos serviços de urgência, a nossa luta ganha uma energia extra e está mais perto de um desfecho favorável para nós e para o SNS. Estamos na recta final desta maratona negocial. Mantendo a união, a solidariedade e a determinação é possível mudar o rumo da carreira médica e do SNS”, sublinham.

Na carta “urgente” a enviar à ministra da Saúde, os porta-vozes do movimento avisam que, se não houver entendimento entre os sindicatos e o Governo até ao final de Junho, em 1 de Julho os médicos vão mostrar-se indisponíveis para fazer mais trabalho suplementar acima das 150 horas anuais (ou 250 horas, caso estejam em regime de dedicação plena), “com impacto negativo na dinâmica dos serviços de saúde que estão claramente dependentes do trabalho extraordinário dos médicos”.

Foi justamente com o envio de uma carta de teor idêntico ao anterior ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que este movimento inorgânico começou a ganhar forma no Verão do ano passado. O Médicos em Luta arrancou com um grupo de WhatsApp, que rapidamente se mostrou insuficiente e migrou para o Telegram, onde os médicos foram trocando informação e foram organizando o protesto que se materializou na entrega de minutas de recusa a mais horas extraordinárias além das obrigatórias por ano.

Esta nova recolha de assinaturas começou depois de as reuniões com a Federação Nacional dos Médicos e com o Sindicato Independente dos Médicos terem terminado na semana passada sem a assinatura de um protocolo negocial, porque a proposta apresentada pelos representantes do Ministério da Saúde não incluiu a revisão da grelha salarial.

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