O que é que uma mosca leva para o nosso prato?

Um estudo feito por cientistas iranianos e publicado numa revista científica norte-americana em 2017 conseguiu isolar 394 estirpes bacterianas em 275 moscas domésticas.

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O tipo de bactéria mais prevalente era do género Bacillus, detectada em 31,1% das moscas GettyImages
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Que más notícias podem vir nas patas de uma mosca quando aterra na comida que está no nosso prato? Um estudo feito por cientistas iranianos e publicado numa revista científica norte-americana em 2017 conseguiu isolar 394 estirpes bacterianas em 275 moscas domésticas.

O tipo de bactéria mais prevalente era do género Bacillus, detectada em 31,1% das moscas. Mas também havia muitos Staphylococcus (22,9%) e Escherichia coli (11,6%). As bactérias extraídas de moscas recolhidas em ambientes hospitalares tinham maior resistência a antibióticos do que as de outras situações.

A espécie Musca domestica evoluiu ligada às populações humanas. “Não transmitem doenças. Mas são um problema de insalubridade, porque poisam sobre superfícies ricas em agentes patogénicos e transmitem-nos, por contacto com alimentos em que podem poisar”, alerta o zoólogo Salustiano Mato, da Universidade de Vigo.

É curta a vida destes insectos, entre sete e 30 dias. As fêmeas acasalam uma única vez, mas podem pôr ovos entre quatro e seis vezes, e 75 a 150 ovos em cada uma das posturas, e escolhem matéria orgânica em decomposição, sobretudo estrume, para o fazer.

“Num dia ou dois, sai uma larva dos ovos, que quatro dias depois forma uma pupa, a fase de desenvolvimento antes da mosca adulta”, explica o zoólogo. Passados outros quatro dias, as pupas eclodem e surge a nuvem de moscas, que atormenta quem encontra pela frente.

“Se as condições forem óptimas, uma geração pode completar-se numa semana”, diz Ana Aguiar, investigadora do GreenUPorto – Centro de Investigação em Produção Agro-Alimentar Sustentável e professora da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

O que são condições óptimas? “Haver alimento disponível, temperatura e humidade adequadas.” A temperatura óptima situa-se entre 20 e 35 graus Celsius, dependendo da fase de desenvolvimento, adianta. “A humidade é essencial, pois só assim se garante uma elevada taxa de sobrevivência dos ovos e das larvas.”