Temperaturas no Paquistão ultrapassam os 52°C durante onda de calor

Apesar do valor elevado, este não é um recorde no Paquistão: a temperatura mais alta registada no país foi em 2017, quando as temperaturas atingiram 54°C na cidade de Turbat.

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Um grupo de homens numa motorizada com um lençol molhado por cima para atenuar os efeitos da onda de calor Akhtar Soomro / REUTERS
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As temperaturas ultrapassaram os 52 graus Celsius na província de Sindh, no sul do Paquistão: é o registo mais alto desta temporada e que fica perto do recorde de temperatura mais alta registado no país. Este valor foi atingido a meio de uma onda de calor que está em curso no país, disse o gabinete meteorológico nesta segunda-feira.

Em Mohenjo-Daro, uma cidade em Sindh conhecida por ser um sítio arqueológico que remonta à civilização do vale do Indo, construída em 2500 a.C., as temperaturas atingiram os 52,2°C nas últimas 24 horas, disse à Reuters Shahid Abbas, alto quadro do Departamento Meteorológico do Paquistão.

As temperaturas extremas registadas no mês passado em toda a Ásia foram muito provavelmente agravadas pelas alterações climáticas (causadas pelos humanos), segundo uma equipa de cientistas internacionais.

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Uma pessoa refresca-se durante as temperaturas superiores a 50 graus Celsius no Paquistão Akhtar Soomro/REUTERS

A leitura é a mais alta deste ano até agora, e aproximou-se dos máximos históricos da cidade e do país de 53,5°C e 54°C, respectivamente.

"O calor faz-nos sentir muito mal"

Mohenjo-Daro é uma cidade pequena, com Verões extremamente quentes e Invernos amenos, e baixa pluviosidade. Ainda assim, os poucos comércios locais (incluindo padarias, lojas de chá, mecânicos, lojas de reparação electrónica e vendedores de frutas e legumes) estão normalmente cheios de clientes.

Mas, com a actual vaga de calor, as lojas estão quase vazias.

"Os clientes não vêm ao restaurante por causa do calor extremo. Fico sentado sem fazer nada no restaurante com estas mesas e cadeiras e sem clientes", diz Wajid Ali, de 32 anos, proprietário de uma casa de chá na cidade.

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Pessoas refrescam-se durante o calor tórrido no Paquistão RAHAT DAR/EPA

"Tomo banho várias vezes ao dia, o que me dá um pouco de alívio. Também não há electricidade. O calor faz-nos sentir muito mal."

Perto da loja de Ali há uma loja de reparações electrónicas gerida por Abdul Khaliq, de 30 anos, que estava sentado a trabalhar com a persiana da loja meio aberta para o proteger do sol. Khaliq queixou-se também de que o calor afectava a sua actividade comercial.

O médico local Mushtaq Ahmed acrescentou que os habitantes locais se adaptaram às condições climáticas extremas e preferem ficar em casa ou perto de locais com água.

"O Paquistão é o quinto país mais vulnerável ao impacto das alterações climáticas. Assistimos a chuvas e inundações acima do normal", afirmou Rubina Khursheed Alam, coordenadora do primeiro-ministro para o clima, numa conferência de imprensa na sexta-feira, acrescentando que o governo está a fazer campanhas de sensibilização devido às ondas de calor.

A temperatura mais alta registada no Paquistão foi em 2017, quando as temperaturas atingiram 54°C na cidade de Turbat, localizada na província do sudoeste do Baluchistão. Este valor foi o segundo mais quente da Ásia e o quarto mais alto do mundo, disse Sardar Sarfaraz, meteorologista-chefe do Departamento Meteorológico do Paquistão.

A onda de calor vai abrandar em Mohenjo-Daro e nas zonas circundantes, mas espera-se que outro período de calor atinja outras zonas do Sindh, incluindo a capital, Karachi, a maior cidade do Paquistão.

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