Ciclone Remal causa quatro mortes e deixa milhões sem luz na Índia e no Bangladesh

Costas do Bangladesh e da Índia varridas esta segunda-feira pelo cliclone Remal, que já obrigou quase um milhão de pessoas a deixarem as próprias casas e deslocarem-se para abrigos anti-ciclones.

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Uma mulher caminha na lama deixada pela tempestade este domingo, antes da chegada do ciclone Remal a Satkhira, no Bangladesh Mohammad Ponir Hossain / REUTERS
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O ciclone Remal provocou fortes vendavais e chuva intensa ao longo da costa da Índia e do Bangladesh esta segunda-feira, causando a morte de pelo menos quatro pessoas e cortando o fornecimento de electricidade a milhões de pessoas.

O primeiro ciclone do ano na região é a mais recente das frequentes tempestades que têm assolado o Sul da Ásia nos últimos anos, à medida que as alterações climáticas aumentam as temperaturas à superfície do mar e da terra. Este mês, por exemplo, tanto o Bangladesh como a Índia registaram ondas de calor tão fortes que algumas regiões tiveram de fechar as escolas.

Os ventos violentos derrubaram linhas eléctricas, arrancaram postes e árvores e destruíram os telhados de algumas casas em bairros de lata. A chuva e as marés altas também danificaram alguns diques e inundaram zonas costeiras.

Não temos electricidade desde a noite, a bateria do meu telemóvel vai acabar a qualquer momento, disse Rahat Raja, um residente do distrito costeiro de Satkhira, no Bangladesh. Pela graça de Alá [esta palavra é formada do árabe al-A'lã e refere-se a Deus], o ciclone não foi tão violento como pensávamos.

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Queda de árvore esta segunda-feira em, Calcutá, na Índia, causada pelo ciclone Remal EPA/PIYAL ADHIKARY

Cerca de três milhões de pessoas ficaram sem electricidade no Bangladesh, informaram os funcionários do Ministério da Energia.

Ambos os países deslocaram quase um milhão de pessoas para abrigos contra tempestades, cerca de 800.000 habitantes no Bangladesh e aproximadamente 110.000 na Índia, segundo as autoridades.

Duas pessoas morreram no Bangladesh quando se dirigiam para os abrigos de ciclones à última hora, disse o responsável pela gestão de catástrofes, Mijanur Rahman.

“As pessoas estão normalmente muito relutantes em deixar o gado e as suas casas para irem para os abrigos contra ciclones”, disse o responsável. “Esperam até ao último minuto, quando muitas vezes é demasiado tarde”, acrescentou Mijanur Rahman. As autoridades precisarão de mais tempo para avaliar a extensão total das perdas, acrescentou.

A tempestade, com velocidades de até 135 quilómetros por hora, atravessou a área em torno do porto de Mongla, no sul de Bangladesh, e as ilhas Sagar, no estado indiano de Bengala Ocidental, no domingo, disseram autoridades meteorológicas indianas.

A Índia começou a registar deslizamentos de terras por volta das 21 horas, um processo que durou cerca de cinco horas, acrescentaram as autoridades meteorológicas, antes de a tempestade se transformar num ciclone durante a manhã de segunda-feira.

Agora, espera-se a depressão que se desloque para nordeste e enfraqueça ainda mais, trazendo mais chuva para os estados da região, acrescentaram, à medida que os ventos e as chuvas diminuem.

Segundo as autoridades, uma pessoa foi esmagada até à morte pela queda de betão na capital do estado de Calcutá, enquanto uma mulher morreu quando uma casa feita de barro se desmoronou na ilha de Mousuni, no delta de Sundarbans.

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Passageiros indianos esperam pelo serviço de comboios suburbanos, que foi suspenso durante muito tempo na estação ferroviária de Sealdah, em Calcutá, no leste da Índia EPA/PIYAL ADHIKARY

As marés altas romperam alguns diques de protecção no delta de Sundarbans, que alberga algumas das maiores florestas de mangais do mundo, partilhadas pela Índia e pelo Bangladesh.

A chuva inundou estradas e perturbou as deslocações em Daca, a capital do Bangladesh, onde as autoridades que se preparavam para a tempestade criaram cerca de 8000 abrigos contra ciclones e recrutaram 78.000 voluntários. A marinha indiana colocou navios, aviões, mergulhadores e material médico à disposição para operações de salvamento, segundo as autoridades.

Serviços públicos condicionados

Embora os avisos precoces e a evacuação atempada tenham ajudado a evitar vítimas importantes, a tempestade causou um pesado prejuízo aos serviços públicos em ambos os países.

O Bangladesh cortou antecipadamente o fornecimento de electricidade a muitas zonas para evitar acidentes, enquanto muitas cidades costeiras ficaram às escuras devido à queda de árvores e ao corte de linhas eléctricas, segundo funcionários do Ministério da Energia.

Os relatos de pelo menos 356 postes de electricidade arrancados do chão e de danos em dezenas de transformadores surgiram cedo durante a chegada da tempestade à Índia, disse Arup Biswas, o ministro da energia do estado de Bengala Ocidental.

Calcutá retomou os voos na segunda-feira, depois de mais de 50 terem sido cancelados no domingo, quando a tempestade obrigou à suspensão das operações, e os serviços de comboios suburbanos também foram restabelecidos.

As chuvas trazidas pela tempestade inundaram muitas ruas, segundo imagens televisivas, com relatos de quedas de muros e de pelo menos 52 árvores caídas, algumas das quais bloqueando estradas. O Bangladesh suspendeu as operações nos seus portos de Mongla e Chittagong.

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