Logótipo retirado pelo novo Governo ganha prémio nacional de design

Símbolo pedido pelo anterior Executivo ao designer Eduardo Aires foi retirado pelo novo Governo. Ganhou agora um prémio do Clube de Criativos de Portugal e fica apurado para um concurso europeu.

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O trabalho de Eduardo Aires foi assim destacado como o melhor projecto de marcas pelo conjunto dos designers portugueses Eduardo Aires Studio
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Esteve no centro da primeira decisão tomada pelo novo Governo — e na origem da primeira polémica do Executivo liderado por Luís Montenegro. Agora mereceu um prémio: o logótipo da República Portuguesa encomendado pelo anterior Governo, e substituído assim que a Aliança Democrática (AD) assumiu o poder governamental, conquistou o primeiro lugar na categoria de Branding do Clube de Criativos de Portugal.

O trabalho de Eduardo Aires, um dos mais reconhecidos designers portugueses — o seu estúdio desenhou a identidade visual de empresas como a Herdade da Malhadinha Nova, moedas comemorativas da Imprensa Nacional Casa da Moeda e o símbolo da Câmara Municipal do Porto, por exemplo — foi assim destacado como o melhor projecto de marcas pelo conjunto dos designers portugueses. Com esta vitória, candidata-se agora a um prémio europeu do Art Directors Club Europe.

A nova identidade visual foi pedida pelo XXIII Governo de Portugal para "criar uma ferramenta de comunicação perfeitamente adequada ao ambiente digital contemporâneo", diz a página do concurso: "Prevendo-se a adaptação às redes sociais do Governo, a nova identidade visual deveria contemplar comportamentos dinâmicos, assim capacitando e fomentando a transição digital em curso."

De acordo com a descrição do projecto, "nas cores e geometria da bandeira nacional são encontrados argumentos visuais identitários que, sem a desvirtuar ou copiar, se articulam no novo símbolo de forma mais simples e isenta". É, por isso, "inspirado nos símbolos da República", mas com "características de contemporaneidade" que lhe confere "ampla versatilidade de aplicação em suportes diversos".

Mas Luís Montenegro não concordou. Ainda antes de ser eleito primeiro-ministro, o líder social-democrata à frente da AD prometeu que derrubaria o novo logótipo por ter ficado destituído de símbolos literais da esfera armilar, as quinas e as torres: "É que faz toda a diferença, nós no nosso projecto não fazemos sucumbir as nossas referências históricas e identitárias a uma ideia de ser mais sofisticados, connosco não há disso. Já chega de política de plástico", disse no Conselho Estratégico Nacional, em Dezembro.

Prometeu e cumpriu: cinco meses depois do anúncio, no primeiro Conselho Ministros do novo Governo, a 3 de Abril, o Executivo aprovou o regresso da identidade visual que celebrava as referências literais à esfera armilar — um logótipo que já tinha começado a ser utilizado no dia anterior. O símbolo surgiu também no púlpito e no fundo utilizado na conferência de imprensa efectuada por António Leitão Amaro, ministro da Presidência.

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