G7 também quer utilizar os activos congelados russos para ajudar a Ucrânia

Ministros das Finanças das sete economias mais industrializadas reuniram-se em Itália para discutir formas de apoiar a Ucrânia. Ministro ucraniano Marchenko participou no encontro deste sábado.

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Conferência de imprensa em Stresa, no final do encontro de dois dias dos ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do G7 Massimo Pinca / REUTERS
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O G7 vai explorar formas de usar os rendimentos futuros dos activos russos congelados para aumentar o financiamento para a Ucrânia, devastada pela guerra, disseram este sábado os ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do grupo das sete economias mais industrializadas do mundo, reunidos em Itália, sem dar muitos pormenores sobre como o vão fazer.

Na terça-feira, o Conselho da União Europeia já tinha dado luz verde definitiva à transferência para a Ucrânia dos proveitos líquidos acumulados pelas reservas soberanas e títulos do Estado russo depositados em centrais de custódia e liquidação, congelados ao abrigo do regime de sanções.

Os membros do G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá) e os seus aliados congelaram cerca de três mil milhões de dólares (perto de 2766 milhões de euros) de activos financeiros russos pouco depois de a Federação Russa ter invadido o país vizinho, em Fevereiro de 2022.

“Estamos a fazer progressos nas nossas discussões sobre potenciais vias para anteciparmos os lucros extraordinários resultantes da imobilização de activos soberanos russos em benefício da Ucrânia”, anunciou o grupo, num comunicado publicado este sábado, após o segundo dia de reuniões em Stresa, no Norte de Itália.

O financiamento da Ucrânia e a resposta ao crescente poder exportador da China foram os principais temas abordados pelos ministros das Finanças durante os encontros.

Giancarlo Giorgetti, ministro da Economia e das Finanças de Itália, disse aos jornalistas que um empréstimo à Ucrânia teria como objectivo apoiar o orçamento ucraniano nos próximos dois ou três anos e que não seria utilizado para comprar armas, já que essa possibilidade é proibida pela Constituição japonesa.

Sergii Marchenko, ministro das Finanças da Ucrânia, juntou-se este sábado aos seus homólogos dos países do G7, numa altura em que as Forças Armadas ucranianas tentam conter a ofensiva russa no Norte e no Leste do território.

Segundo Giorgetti, o ministro ucraniano disse ao G7 que o seu país se encontra numa situação de “necessidade desesperada” de financiamento.

Os Estados Unidos têm vindo a pressionar os seus parceiros do G7 para que apoiem um empréstimo que poderia fornecer até 50 mil milhões de dólares a Kiev a curto prazo.

A escolha cautelosa das palavras no comunicado do G7, que não contém números nem pormenores, reflecte, no entanto, muitos aspectos jurídicos e técnicos que têm de ser resolvidos antes de um empréstimo deste tipo poder ser concedido.

Esta questão será novamente discutida pelos líderes dos governos do G7 numa cimeira, também em Itália, agendada para meados do próximo mês.

“Ainda não estamos prontos para encontrar medidas adicionais e claras para financiar a Ucrânia, mas este é agora um tópico de trabalho intensivo”, assumiu o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner.

Em Moscovo, o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, assegurou que a Rússia irá reagir se a ameaça do G7 se concretizar. O seu Governo já assumiu, inclusivamente, o controlo de algumas empresas ocidentais que operam na Rússia.

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse que um empréstimo a Kiev era apenas “a principal opção” para os líderes do G7 considerarem no próximo mês, mas não queria “tirar nenhuma opção de cima da mesa”. “Não é um dado adquirido, por isso não quero dizer que se trata de um acordo totalmente fechado”, afirmou.

O comunicado conjunto dos membros do G7 refere ainda que, de acordo com os “respectivos sistemas jurídicos”, os “activos soberanos da Rússia” permanecerão “congelados até que a Rússia pague pelos danos que causou à Ucrânia”.