China anuncia fim das manobras militares em torno de Taiwan

Após dois dias de exercícios militares, a China concluiu a “punição” pelos “actos separatistas” do novo Presidente taiwanês. Dezenas de aviões e navios cercaram o território reivindicado por Pequim.

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Navios chineses navegam ao longo da passagem de água Kinmen-Xiamen, perto da fronteira marítima entre Taiwan e a China, em Kinmen, Taiwan, a 24 de Maio DANIEL CENG / EPA
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A China anunciou o fim dos dois dias de manobras militares de grande escala em torno de Taiwan, descritas como “punição severa para os actos separatistas” do novo Presidente do território reivindicado por Pequim, William Lai Ching-te.

O exército chinês “concluiu com sucesso” os exercícios denominados Joint Sword - 2024A, informou na noite de sexta-feira um apresentador da CCTV-7, a televisão estatal chinesa responsável pelas notícias sobre assuntos militares.

O Ministério da Defesa Nacional de Taiwan disse este sábado ter detectado, nas últimas 24 horas, a presença de 62 aviões de guerra chineses e 27 navios chineses nas proximidades da ilha e dos arquipélagos periféricos.

Num relatório, o ministro disse que 47 destas aeronaves, incluindo caças SU-30 e bombardeiros H-6, cruzaram a linha média do estreito de Taiwan, a fronteira de facto entre as duas partes.

Este é o número diário mais elevado de incursões desde Abril de 2023, quando a China lançou uma série de manobras em torno de Taiwan após o encontro entre a então Presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o ex-presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy.

Alguns dos aviões de guerra chineses passaram a 39 milhas náuticas (72,2 quilómetros) de Keelung, uma cidade do Norte de Taiwan que alberga uma base militar, e a 41 milhas náuticas (76 quilómetros) do Cabo Eluanbi, no Sul do país, disse o ministério.

As Forças Armadas de Taiwan “acompanharam a situação e empregaram aviões de combate, navios da Marinha e sistemas de mísseis costeiros em resposta às actividades detectadas”, afirmou o ministério.

Durante os dois dias de manobras chinesas, Taiwan detectou um total de 111 aviões de guerra – 82 dos quais cruzaram a linha média do Estreito de Taiwan –e 53 navios da Marinha e da Guarda Costeira chinesas.

Na sexta-feira, a Administração da Guarda Costeira de Taiwan disse ter repelido a incursão de quatro navios chineses que entraram em águas próximas das ilhas Wuqiu e Dongyin, situadas junto à China continental.

Taiwan disse que esta é a oitava vez em Maio que navios da Guarda Costeira chinesa navegam em "águas restritas" dos arquipélagos periféricos, afectando a "segurança da navegação" e "prejudicando a paz e a estabilidade" da região.

A acção militar da China ocorreu dias depois de tomar posse o novo Presidente de Taiwan, também conhecido como William Lai, que na quinta-feira apelou à população para manter a calma, mobilizou as forças armadas da ilha e garantiu que o seu Governo protegeria a democracia de Taiwan com determinação.

O território opera como uma entidade política soberana, com Diplomacia e Exército próprios, apesar de oficialmente não ser independente. Pequim considera Taiwan uma província sua, que deve ser reunificada, pela força, caso seja necessário.