Portugal adia reconhecimento da Palestina

Portugal quer ter o papel de mediador no seio da União Europeia, deixando o reconhecimento da Palestina para outro momento. Embaixador de Israel em Lisboa irritado com Governo.

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Rangel assume que o papel de Portugal na UE é ser mediador Paulo Pimenta
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Portugal não se junta, por enquanto, à Espanha, Irlanda e Noruega que anunciaram ir reconhecer o Estado Palestiniano no dia 28 de Maio. Segundo fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o reconhecimento deverá acontecer, mas o “timing” não é o mesmo dos outros três países europeus.

Neste momento, Portugal aposta no papel de mediador, papel que acabou por obter depois da defesa que fez nas Nações Unidas para que a Palestina fosse membro de pleno direito da ONU. A 10 de Maio, a Assembleia Geral das Nações Unidas concedeu “direitos e privilégios adicionais” à Palestina, defendendo que o Conselho de Segurança lhe atribua o estatuto de “full membership”. Os Estados Unidos, que já vetaram a solução a 10 de Abril, ameaçam continuar a bloquear a adesão plena da Palestina à ONU.

O Governo português pretende influenciar a Europa — parte dela, incluindo a Alemanha, menos favorável à causa palestiniana — e aposta em fazer pontes, o que é a principal razão para não avançar para o reconhecimento da Palestina ao mesmo tempo que a Espanha (e a Irlanda e a Noruega).

No domingo à tarde, haverá uma nova ronda de paz em Bruxelas, em que a Arábia Saudita e outros Estado do Golfo se reúnem com alguns países europeus. Portugal vai participar.

Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel considerou o voto de Portugal nas Nações Unidas a favor dos “privilégios adicionais” a conceder à Palestina “um gesto inédito na diplomacia portuguesa”.

Ao lado do seu homólogo espanhol, o ministro dos Estrangeiros José Manuel Albares, Rangel afastou a 14 de Maio o reconhecimento imediato do Estado palestiniano: “No caso português, o que considerámos adequado neste momento foi fazer esse voto favorável sem qualquer condicionamento, mas não avançar para o reconhecimento formal."

Nessa conferência de imprensa em Madrid, Rangel afirmou que Portugal quer apostar no papel de mediador. Disse o ministro dos Negócios Estrangeiros que “cada Estado tem a sua vocação e tem a sua forma de olhar para esta questão”, lembrando que Portugal “está a desempenhar um papel importante” junto dos seus parceiros europeus “que estavam mais relutantes” em votar favoravelmente a moção pró-Palestina da ONU.

“Considerámos que a posição que tomámos foi a posição certa. É a posição certa para trazermos alguns Estados mais hesitantes, com dúvidas”, disse Rangel.

O embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, é que está em clara colisão com o Governo. No dia 10 de Maio, quando a conta no X do Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou o voto a favor de Portugal na Assembleia Geral da ONU, Dor Shapira criticou na mesma rede social. “A única via para a paz é a libertação dos reféns, a não existência de organizações terroristas em Gaza e a realização de conversações directas entre israelitas e palestinianos. Se a comunidade internacional se concentrar nisso e não em resoluções ridículas, talvez a paz chegue mais depressa”, escreveu o embaixador de Israel em Lisboa.

Alinhado com o Governo, o Presidente da República não considerou ser este “o momento adequado para dar esse passo” — o reconhecimento formal da Palestina. “Quando for adequado, será adequado”, disse Marcelo.

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