Marcelo continua a pensar que António Costa é “nome consensual” para Conselho Europeu

“Continuo a pensar cada vez que falo com responsáveis europeus que o nome do antigo primeiro-ministro António Costa é um nome consensual nas várias famílias europeias”, diz o Presidente da República.

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Marcelo diz que seria bom para a Europa e para Portugal Costa assumir o cargo de presidente do Conselho Europeu, mas escusou-se a falar do processo judicial em curso Daniel Rocha
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O Presidente da República disse hoje que continua a pensar que António Costa "é um nome consensual" para a presidência do Conselho Europeu, escusando-se a comentar se essa hipotética nomeação pode ser prejudicada pela demora da Justiça portuguesa.

Em declarações à margem de uma conferência sobre o «estado da União» Europeia realizada no Instituto Universitário Europeu de Florença, Itália, Marcelo Rebelo de Sousa, ao ser questionado sobre se a falta de desenvolvimentos na investigação denominada Operação Influencer, que conduziu em 7 de Novembro do ano passado à demissão do antigo primeiro-ministro, pode prejudicar a possibilidade de António Costa assumir um alto cargo europeu, reiterou que tal seria bom para a Europa e para Portugal, mas escusou-se a falar do processo judicial.

"Eu o máximo que posso dizer sobre isso, sem estar a comentar a justiça em Portugal, é que continuo a pensar, cada vez que falo com responsáveis europeus, que o nome do antigo primeiro-ministro António Costa é um nome consensual nas várias famílias europeias, nas mais variadas famílias políticas europeias", começou por dizer, acrescentando que "era assim há seis ou há sete meses, e continua assim hoje".

"E, portanto, significa que eu considero que a possibilidade de ele vir a ser presidente do Conselho Europeu é boa para a Europa e também é boa para Portugal. Mais do que isso não posso dizer, pois seria entrar como é evidente, na formulação de juízos sobre a justiça", disse.

Confrontado com declarações públicas de alguns altos responsáveis políticos europeus que admitiram ser difícil António Costa ser o nome escolhido para presidir ao Conselho Europeu enquanto se mantiver a suspeição, Marcelo Rebelo de Sousa assegurou que essa questão não lhe tem sido mencionada.

"Esse ponto não me disseram. Disseram-me apenas que era realmente uma figura incontestada, pela experiência que tem - era dos mais antigos primeiros-ministros da Europa -, pela aceitação que tinha na sua família, mas também na família do PPE, na família liberal, e até noutras famílias, porque realmente se movia muito à vontade e porque tinha uma capacidade de negociação muito rara em termos europeus. Isso é um facto", completou.

Maioria acredita que Costa tem condições para se candidatar

As opiniões sobre se o antigo chefe do Governo tem condições para ser presidente do Conselho Europeu dividem-se, mas a maioria (51%) dos inquiridos de uma sondagem da Cesop – Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica para o PÚBLICO, a RTP e a Antena 1, considera que sim, mesmo que não haja esclarecimento sobre a Operação Influencer. Entre os eleitores do PS - sem surpresas - 82% considera que António Costa tem condições para assumir a liderança da instituição europeia a partir do Verão.

Mais de metade dos inquiridos (53%) eleitores da AD consideram que o ex-primeiro-ministro não reúne condições para ocupar o lugar de Charles Michel. Entre quem vota no Chega, o número sobe para 77%. Ainda assim, há 42% de eleitores da coligação entre PSD e CDS-PP e 21% do Chega que vêem em António Costa um candidato legítimo para liderar o Conselho Europeu.

Entre os que olham positivamente para uma candidatura do antigo chefe do Governo, a grande maioria (96%) acha que Portugal deve apoiá-la. Quase todos os inquiridos do PS (99%) seguem esse pensamento. À direita, os números são mais comedidos: entre os eleitores da AD, 96% consideram que Portugal deve apoiar uma eventual candidatura e do lado do Chega 84% concordam com esse apoio.

António Costa demitiu-se do cargo de primeiro-ministro em Novembro de 2023, após ter sido divulgado que era alvo de um inquérito instaurado no Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça após ter siso extraída uma certidão do processo-crime Operação Influencer.

O caso está relacionado com a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e com o projecto de construção de um data center na zona industrial e logística de Sines pela Start Campus.

Apesar da demissão, António Costa continua a ser apontado como uma forte possibilidade para a presidência do Conselho Europeu, no quadro das nomeações para os altos cargos institucionais na União Europeia para a próxima legislatura que terão lugar após as eleições europeias de Junho.