Irá Taylor gerar um “Swift lift” na economia de Lisboa?

O impacto dos concertos de Taylor Swift nas economias locais tem sido tanto que deu origem à expressão “Swift lift”. Acontecerá o mesmo em Lisboa? Para já, há alojamentos cheios e preços mais altos.

Foto
Da hotelaria à restauração e serviços, o Efeito Taylor Swift representa muitos millhões MARK BLINCH/Reuters
Ouça este artigo
00:00
04:52

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Os bilhetes esgotam em poucas horas, a procura de voos dispara, os restaurantes perto dos recintos dos concertos tendem a encher, sobretudo nas horas que antecedem o espectáculo, e a hotelaria vê as reservas e os preços subirem nos dias em que Taylor Swift, fenómeno planetário, sobe a palco em cada cidade. Depois de seis anos sem sair em digressão mundial, com quatro álbuns lançados desde então, a The Eras Tour tem impulsionado as economias locais por onde passa, tanto que deu origem à expressão “Swift lift”. Acontecerá o mesmo em Lisboa, onde a cantora norte-americana faz a sua estreia em Portugal, com dois concertos esta sexta e sábado no Estádio da Luz?

Sem “dados concretos sobre o real impacto” dos concertos de Taylor Swift, Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), acredita que estes “seguramente” irão “trazer mais negócio e maior rentabilidade para as empresas” associadas na região de Lisboa. “Os eventos de grande dimensão são sempre uma mais-valia para os territórios/destinos onde os mesmos se realizam, com vantagens acrescidas para as actividades da restauração e de alojamento”, aponta, sublinhando serem ainda “um excelente contributo para melhorar a performance das empresas em períodos de época baixa, ou de menores fluxos turísticos”.

Numa pesquisa rápida na Booking, 98% dos alojamentos listados na plataforma em Lisboa estão indisponíveis de sexta para sábado, com percentagens semelhantes, sempre acima dos 95%, para reservas na noite seguinte ou para o fim-de-semana completo. Os fins-de-semana seguintes, com feriados e Santos Populares pelo meio, rondam os 80% de alojamentos indisponíveis. Para a noite do primeiro concerto de Taylor Swift em Portugal, por exemplo, a estadia mais barata na plataforma à hora de pesquisa, esta quinta-feira, era uma cama em dormitório feminino a 104€ ou misto (noutro hostel) a 107€ por pessoa. Para duas pessoas, a reserva mais em conta ficaria por 153€.

Entre os 72 hotéis de Lisboa que integram a plataforma da Guestcentric Hypercommerce, no entanto, “os dados de check-in entre 23 e 25 de Maio” apontam para uma quebra de 23% nas reservas relativamente às mesmas datas do ano passado. As receitas, contudo, “são mais elevadas este ano devido aos preços mais elevados nestas datas: +43% de Tarifa Média Diária”, assim como a duração média da estadia, que sobe de 2,6 para 3,1 noites, sublinha ao PÚBLICO a empresa de serviços de software e marketing para a hotelaria, que agrega 400 hotéis em Portugal.

Segundo um comunicado publicado em Janeiro pela eDreams, a “maior agência de viagens online da Europa e líder global na venda de voos (excluindo a China)”, as cidades europeias que estão a receber a digressão da cantora registaram um “aumento muito significativo” nas pesquisas de voos, com Estocolmo, por exemplo, a registar uma subida de 473% relativamente a 2022. Em Lisboa, no entanto, o “efeito Taylor Swift” era pouco expressivo: apenas 5% de aumento da procura, “provavelmente por ser também um dos concertos com lotação mais limitada, o que pode não atrair tantos fãs de outros países”, sublinhava a empresa na nota de imprensa.

De acordo com a ANA Aeroportos, “não há voos charter para este espectáculo”, pelo que “só em Junho” será possível ter “alguns números finais sobre o impacto dos concertos no número de passageiros no Aeroporto Humberto Delgado”. A pensar naqueles que preferirão regressar a casa no mesmo dia, a CP terá um serviço especial do Intercidades nas madrugadas de 25 e 26 de Maio, com partida da estação de comboios de Santa Apolónia à 0h45 e chegada à estação de Campanhã, no Porto, às 3h56, com paragem nas estações de Oriente (Lisboa), Santarém, Entroncamento, Pombal, Coimbra B, Aveiro, Espinho, e Gaia.

Depois dos Estados Unidos, América Latina, Ásia, e Austrália, a digressão The Eras Tour chegou à Europa este mês, com 51 concertos agendados em 18 cidades. A estreia em Portugal está marcada para sexta-feira, dia 24, com uma data extra no sábado, no Estádio da Luz, em Lisboa, espaço com capacidade para cerca de 65 mil pessoas. De acordo com a See Tickets, os bilhetes, colocados à venda em Julho do ano passado, esgotaram em poucas horas.

Segundo o estudo Eventful Economy: The Swift Lift, da Mastercard, durante a etapa norte-americana da digressão, “todos os restaurantes num raio de quatro quilómetros dos concertos da Taylor” terão registado “um aumento de 68% nas receitas”, enquanto o impacto na hotelaria terá rondado os “47% na mesma área” geográfica. “Esperamos, por isso, um impacto económico ainda maior na digressão europeia, neste Verão. As robustas redes de transportes na Europa vão facilitar o acesso dos fãs aos recintos dos espectáculos, pelo que os benefícios poderão ser ainda mais alargados, muito para além das zonas circundantes aos estádios”, afirma Natalia Lechmanova, economista chefe para a Europa, Médio Oriente e África do Instituto de Economia da Mastercard, em comunicado.

Sugerir correcção
Ler 7 comentários