O México está submetido a uma onda de calor que já quebrou recordes, causou quedas de energia, matou pessoas e animais, e pode agora provocar temperaturas “sem precedentes” nas próximas duas semanas, alertou a maior universidade do país nesta quarta-feira. O calor extremo, alimentado em parte pelo mais recente fenómeno meteorológico El Niño, chegará com 70% do México em seca e um terço em seca grave, de acordo com dados da Comissão Nacional da Água.
“Nos próximos 10 a 15 dias, o país vai registar as temperaturas mais elevadas de sempre”, afirmaram os investigadores da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM), num comunicado.
As temperaturas na capital podem atingir o recorde de 35 graus Celsius nas próximas duas semanas, disse Jorge Zavala, director do Instituto de Ciências Atmosféricas e Mudanças Climáticas da UNAM. Noutras partes do país, as temperaturas ultrapassam os 40 graus Celsius.
A maior parte dos 21 milhões de habitantes da área metropolitana está habituada a um clima mais temperado e não tem ar condicionado. No início deste mês, a capital foi uma das dez cidades mexicanas que registaram o dia mais quente de sempre. Os dados do Ministério da Saúde mexicano mostram que pelo menos 26 pessoas já morreram de causas relacionadas com o calor nos últimos meses.
O calor também afectou algumas espécies ameaçadas, incluindo os macacos bugios, que têm morrido por suspeita de desidratação no sul do México. Na cidade de Leon, no estado central de Guanajuato, na terça-feira, um zelador forneceu água para gansos e patos depois de o reservatório de uma barragem próxima ter secado. "Temos de os ajudar um pouco porque eles sofrem", disse Carlos Cuevas, um encarregado de educação.
Sob uma tenda junto ao reservatório ressequido, Alfonso Cortes, arcebispo católico local, presidiu a uma missa pela chuva, enquanto os paroquianos se abanavam com o calor. “Vamos rezar para que o Senhor envie ao nosso estado e a todos os seres humanos o dom da água”, disse Cortes. “Tudo gira em torno da nossa vida e da água.”