Protestos na Universidade do Porto: Faculdade de Ciências cancela algumas aulas de manhã

Direcção da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto suspendeu as actividades no departamento onde decorria o protesto estudantil pela Palestina. Alunos desmobilizaram-se por volta das 8h.

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Na quarta-feira os estudantes concentraram-se na Faculdade de Belas Artes e decidiram prosseguir com o protesto na Faculdade de Ciências Nelson Garrido
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A direcção da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) informou que não haverá aulas esta manhã no edifício ocupado por estudantes em protesto contra a manutenção das relações entre a academia e Israel. Os alunos desmobilizaram-se por volta das 8h, saindo do interior do edifício e retirando-se do jardim, após a chegada de agentes da PSP. Mas, em declarações aos jornalistas, prometem continuar a luta pacífica pela Palestina, apesar da resistência que dizem estar a encontrar com a directora da faculdade. Os próximos passos nas manifestações estudantis serão decididos em assembleia nas próximas horas.

Em comunicado à 00h05, a direcção informou que, devido à "ocupação de parte das instalações" do Departamento de Ciência de Computadores (DCC) na segunda-feira, essa parte do edifício "estará encerrada de manhã". "Assim, não irão decorrer quaisquer actividades académicas, incluindo aulas ou avaliações, dentro do edifício FC6, até a direcção da FCUP dar novas indicações. Até lá, não será permitido o acesso ao edifício", lê-se no comunicado assinado pelo director do departamento, Alípio Jorge.

No final do quinto dia de protestos, no interior da faculdade, nomeadamente nos corredores, escadas e em pelo menos uma das salas, mantiveram-se cerca de 25 estudantes, num cenário que continuou até ao início da manhã desta terça-feira.

A intervenção da PSP, a pedido da universidade, que tinha exigido aos estudantes que saíssem até às 20h de segunda-feira, começou às 7h de terça-feira, disse fonte da reitoria da universidade à agência Lusa.

"Os cerca de 30 estudantes desmobilizaram-se e o acampamento no exterior foi levantado. Agora o edifício que tinha sido ocupado vai ser alvo de uma inspecção e limpeza. Pelo menos durante a manhã não haverá condições para a retoma de aulas neste edifício. Os restantes estão a funcionar normalmente", indicou a mesma fonte da reitoria da Universidade do Porto.

A ocupação do espaço aconteceu após a chegada de cinco agentes da PSP ao edifício, chamados pela directora da faculdade depois de a última reunião com os estudantes ter falhado uma tentativa de acordo — da parte de estudantes, para uma cisão da academia com o Estado de Israel; e, da parte da faculdade, para que abandonassem os jardins onde protestam desde quinta-feira.

Cerca de uma centena de pessoas estavam, à meia-noite, concentradas no jardim da FCUP, em protesto contra a manutenção das relações entre a academia e o Estado de Israel. O protesto teve o primeiro momento a 8 de Maio, quando cerca de meia centena de estudantes exigiram diante da reitoria da UP o corte de relações entre a academia e o Estado de Israel.

Na quarta-feira os estudantes concentraram-se na Faculdade de Belas-Artes e decidiram prosseguir com o protesto na Faculdade de Ciências, onde colocaram tendas de campismo para se abrigarem durante a noite, rodeadas de bandeiras da Palestina, velas e faixas com frases como: "Solidariedade proletária por uma Palestina Livre", "Israel não é uma democracia, Israel é um país terrorista" e "A revolução começa aqui".

A acção faz parte da luta internacional de protesto estudantil que se iniciou em universidades norte-americanas e já se estendeu a instituições de ensino superior em várias cidades europeias, do Canadá, México e até Austrália, a exigir o fim da ofensiva israelita na Faixa de Gaza.

Título alterado para clarificar que apenas foram canceladas aulas no edifício onde estavam os estudantes