Raimundo atira contra as “imposições” europeias e cola Governo aos “objectivos da UE”

O líder do PCP acusa o Governo de querer, tal como a UE, “acentuar a injustiça, desmantelar e privatizar serviços públicos” ou “pressionar salários e pensões”.

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A sessão contou com a presença do cabeça de lista às europeias, João Oliveira ANTÓNIO COTRIM / LUSA
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O PCP foi a Sesimbra para denunciar as “imposições da União Europeia” (UE) e colá-las ao Governo da AD, que Paulo Raimundo acusa de estar a tentar “passar uma imagem” de obra feita, quando quer apenas “abrir mais espaço” aos “grupos económicos”. Desde logo, no novo aeroporto de Lisboa que, defendeu, deve “avançar”, mas sem dar mais “lucros” à Vinci nem o reforço da capacidade do aeroporto da Portela.

Na abertura das jornadas parlamentares dos deputados do PCP na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, e em clima de pré-campanha às eleições europeias, o líder dos comunistas defendeu que a região de Sesimbra é, apesar das suas "potencialidades", um exemplo dos “efeitos concretos dos anos sucessivos da política de direita e da integração capitalista europeia”, seja na área das conservas, da metalurgia, da agricultura ou das pescas.

E, acusando a UE de defender os "interesses dos que se acham donos disto tudo", criticou o executivo da AD por ter no seu “programa do Governo” os mesmos “objectivos da UE para Portugal": “acentuar a injustiça, desmantelar e privatizar serviços públicos, pressionar salários e pensões” e “pôr as mãos no dinheiro dos trabalhadores que está na Segurança Social”.

“O Governo tenta passar uma imagem de que está a fazer em pouco tempo o que os anteriores governos não fizeram. Mas espremidas as manobras e anúncios, a pressa do Governo não é para resolver os problemas, é para abrir mais espaço ao negócio dos grupos económicos”, atirou Paulo Raimundo, dando como exemplo a banca, que nos primeiros três meses de 2024 lucrou 13 milhões “por dia”.

Mas também o pacote “Construir Portugal” para a habitação, que acusa de não ter “uma medida para travar o aumento das rendas, nem para reduzir as prestações à banca”, antes para “escancarar a porta” aos “interesses” dos fundos imobiliários e dos bancos.

Das críticas de Paulo Raimundo à equipa de Luís Montenegro não ficou de fora a transferência de “recursos públicos para os grupos económicos” na saúde ou o “número com o IRS", que acusa de ter tido como objectivo "abrir caminho para reduzir impostos ao grande capital”. Nem as medidas para o Complemento Solidário para Idosos, que embora reconheça que são “positivas", considera que "esbarram na realidade”.

E sobre o novo aeroporto de Lisboa, que o Governo anunciou que será construído em Alcochete, o líder dos comunistas disse ainda não aceitar que se “viesse reduzir em mais um anúncio para o país e mais uns milhares de milhões de euros de lucros para a Vinci”. “Este processo não pode andar para trás, é preciso avançar mesmo e rapidamente”, mas sem a “ampliação do aeroporto dentro de Lisboa com todos os riscos de segurança” que representa, defendeu.

O mesmo argumentou a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, que, a partir do Forte de Santiago, sustentou que as “declarações dos membros do Governo” estão a apontar como prioridade o “aumento da capacidade do aeroporto da Portugal”, “mais uma vez para beneficiar os interesses da Vinci e a maximização dos seus lucros”.

"Há meios" para "produzir mais"

Com as eleições europeias à porta, Paulo Raimundo aproveitou para defender o projecto do PCP a Bruxelas, argumentando que, apesar da “destruição do aparelho produtivo” por parte da direita “sob as ordens e directivas da União Europeia”, dos “impactos da Política Agrícola Comum” ou das consequências da política europeia na “frota pesqueira”, “há meios, recursos e gente” para “pôr o país a produzir mais” e “distribuir a riqueza”.

E que é em medidas como o aumento dos salários, a valorização das carreiras, o reforço dos serviços públicos ou aposta no desenvolvimento científico e tecnológico que Portugal tem "o instrumento mais preciso para enfrentar as imposições da UE".

Apontando à eleição de "deputados do PCP e do PEV", o líder dos comunistas disse também estarem "empenhados e confiantes" no resultado de 9 de Junho. Mas foi, sobretudo, à eurodeputada Sandra Pereira que coube apelar ao reforço da CDU, deixando igualmente críticas à UE — nomeadamente, às novas regras de governação económica, que acusa de criar dificuldades nos serviços públicos — e elencar uma série de propostas.

Desde a "reversão das taxas de juro" e o "controlo das rendas", passando pelo "combate às lógicas de mercantilização e financeirização do ambiente", à "centralização na UE dos mecanismos legislativos relativos à gestão das pescas" ou às "discriminações, instrumentalizações e a exploração" dos imigrantes.

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