Faculdade de Ciências do Porto ameaça chamar a polícia para acabar com protestos pró-Palestina

O protesto que os manifestantes dizem ser “pacífico” decorre desde a semana passada no exterior da instituição. Direcção ordenou retirada até às 20h desta segunda-feira, dia 20 de Maio.

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Acampamento pelo cessar-fogo na Palestina na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto Nelson Garrido
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Acampamento pelo cessar-fogo na Palestina na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto Nelson Garrido
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Os estudantes que estão reunidos desde quinta-feira passada num protesto em defesa da Palestina no exterior da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) anunciaram no domingo, dia 19 de Maio, que “foram ameaçados” com uma ordem de despejo por parte da direcção e reitoria da Universidade do Porto. Têm de deixar o local até ao final do dia desta segunda-feira.

Em declarações ao P3, Tomás Nery, membro do grupo Estudantes em defesa da Palestina da UP, disse que os manifestantes se reuniram no domingo com a directora da faculdade, Ana Cristina Freire, o presidente da associação de estudantes e o assessor do reitor para serem informados que “nem a Universidade nem as faculdades tinham poder para acatar as reivindicações” do grupo, lê-se na publicação.

No Instagram, os alunos disseram que foram “convidados a deixar a ocupação até às 20h” desta segunda-feira. Se não cumprirem, a polícia será chamada para terminar com o protesto.

Em resposta, o grupo convocou uma manifestação para as 17h desta segunda-feira no exterior da faculdade e apelou à presença dos restantes colectivos e pessoas que se queiram juntar “pela luta da libertação da Palestina e o horror do genocídio em curso perpetrado pelo Estado de Israel”, escreveram.

Segundo Tomás Nery, os manifestantes estão neste momento reunidos para decidir se continuam ou terminam o protesto. A meio da manhã desta segunda-feira, diz o jovem de 21 anos, continuavam acampados junto ao departamento de Ciências dos Computadores dezenas de estudantes. Durante o dia, e depois da confirmação da presença de vários colectivos em defesa da Palestina, são esperadas “centenas de pessoas”.

“De qualquer das formas, já estamos a sentir um clima hostil por parte da faculdade e já há polícia a rondar. Ontem a directora disse, e passo a citar, que ‘estávamos nas mãos dela’. Tentámos negociar e até levámos as nossas reivindicações para a reunião, mas apercebemo-nos que não há grande abertura por parte da direcção da faculdade para negociar. A negociação que nos apresentaram foi uma chantagem: sair ou pedirem intervenção policial”, explica.

Em resposta ao P3, a Faculdade de Ciências garante que a directora nunca proferiu tal expressão. Por email, adianta ainda que o protesto está “claramente a incomodar o normal funcionamento do edifício, uma vez que vários alunos mostraram o seu incómodo junto da associação de estudantes pela perturbação que a aglomeração de pessoas causa no seu período de estudo” numa época que é de exames. Neste sentido, defendem, a manifestação tem de terminar esta segunda-feira.

De acordo com o estudante, este foi o primeiro contacto que os manifestantes tiveram com a directora desta instituição. Reitera ainda que estão a ocupar o espaço público num protesto que é "pacífico" e que nunca pôs em causa o funcionamento das aulas ou dos trabalhos. O mesmo não aconteceu na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) de Lisboa, com os manifestantes a bloquearem um dos edifícios.

“A tentativa de nos expulsarem é uma decisão política assumida pela direcção da Faculdade de Ciências que resolve a situação chamando a polícia”, defende Tomás Nery.

Vários professores, investigadores e funcionários da Universidade do Porto têm mostrado apoio aos estudantes através das redes sociais. A par disto, acrescenta o jovem, perto de 100 participaram num abaixo-assinado em solidariedade com a ocupação da FCUP.

Artigo actualizado às 13h00 para acrescentar a resposta da Faculdade de Ciências.

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