Biblioteca pessoana de Eduardo Lourenço exposta em Coimbra

A mostra Eduardo PESSOA Lourenço ilumina o encontro do ensaísta com o poeta a partir das marcas de leitura que Lourenço deixou nos livros que doou à Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra

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Exposição na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra foi montada a partir da biblioteca pessoana doada por Eduardo Lourenço Ana Marques Maia
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A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) inaugura esta terça-feira a exposição Eduardo PESSOA Lourenço, montada a partir da biblioteca pessoana que Eduardo Lourenço (1923-2020) doou à instituição, com cerca de 500 volumes que ele próprio seleccionou.

Com curadoria de A. E. Maia do Amaral, António Pedro Pitta, Rui Jacinto e Manuel Portela, actual director da BGUC, a exposição, que ficará patente até ao dia 30 de Julho na Sala de São Pedro, no segundo piso do edifício da biblioteca, foi organizada em conjunto com o Centro de Estudos Ibéricos e integra-se no programa do centenário do ensaísta de Pessoa Revisitado (1973), Fernando Pessoa, Rei da nossa Baviera (1986) ou O Lugar do Anjo. Ensaios Pessoanos (2004).

Para lá de exibir a biblioteca pessoana de Eduardo Lourenço, a exposição pretende também “dar a ver a partir das práticas de leitura, tal como se podem inferir das marcas e sinais nos próprios livros, a natureza decisiva do seu encontro com Pessoa”.

Está dividida em oito painéis. Há um dedicado a obras de Pessoa (Pessoana Activa) e outro a livros sobre o poeta (Pessoana Passiva), mas a generalidade desses núcleos recebeu designações menos óbvias, como Fazer Biblioteca, que olha para os recortes de recensões literárias que Lourenço guardava nos livros para sugerir que estas opiniões alheias, podendo levá-lo a adquirir o volume criticado, contribuíam para os seus modos de construir uma biblioteca.

Em Ler ou Desistir de Ler sublinha-se que se a profusão de notas indica leitura intensa, a sua súbita ausência poderá indicar que Lourenço interrompera a leitura ou desistira da obra. E entre os seus livros que estão como novos, contam-se os que ele próprio publicou, que aparentemente nem sequer folheava.

Mas também há volumes, como se mostra em Regressar ao Livro, nos quais usou mais do que uma caneta e caligrafias de diverso formato e dimensão, indicando leituras recorrentes.

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Anotações de Eduardo Lourenço numa página da biografia de Fernando Pessoa de João Gaspar Simões onde se reproduz o poema Pauis, por vezes também intitulado Impressões do Crepúsculo DR

Uma Vida Dentro do Livro concentra-se nos marcadores improvisados, papéis avulsos e outros objectos que o ensaísta deixava esquecidos no interior dos livros, e os dois painéis restantes - Usar Livros e Bibliotecas e Usar a BGUC - dizem respeito à relação de Eduardo Lourenço com as bibliotecas, e em particular com aquela onde foi pela primeira vez confrontado com um conjunto de livros tão amplo que mesmo ele não poderia aspirar a lê-los todos. “O primeiro ano que estive em Coimbra, passei-o na Biblioteca”, conta numa entrevista de 1993.

A inauguração de Eduardo PESSOA Lourenço contará esta terça-feira com uma intervenção de João Dionísio, pelas 18h00, e para 16 de Julho, à mesma hora, está prevista uma sessão com Osvaldo Silvestre e A. E. Maia do Amaral intitulada Submergir a grandeza sob as explicações: o Pessoa de João Gaspar Simões na leitura anotada de Eduardo Lourenço.

E a 4 e 18 de Junho, e depois no dia 2 de Julho, terão lugar visitas guiadas à exposição, respectivamente orientadas por António Pedro Pita, Rui Jacinto e Manuel Portela.

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