FCSH “preocupada” com evoluir dos protestos estudantis

Direcção da faculdade diz que foram ultrapassados os limites de “uma manifestação pacífica” no bloqueio de um dos edifícios do campus na Avenida de Berna.

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Estudantes em protesto bloquearam um dos edifícios da FCSH, em Lisboa Lusa/José Sena Goulão
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A direcção da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa considerou que o bloqueio, este sábado, a um dos edifícios ultrapassou "uma manifestação pacífica" e afirmou estar preocupada com o evoluir dos protestos dos estudantes.

"Um dos edifícios do campus da NOVA FCSH na Avenida de Berna foi bloqueado por um grupo de estudantes identificado como 'Estudantes pelo Fim ao Genocídio e pelo Fim ao Fóssil', ultrapassando o que se pode entender como uma manifestação pacífica e colocando em risco os próprios manifestantes e os restantes membros da comunidade", refere a direcção da faculdade, em comunicado.

A FCSH afirma que a acção causou "danos no edifício bloqueado" e que "o grupo arrombou a porta de acesso ao telhado [acusação negada pelos estudantes]​, não permitiu a realização das aulas previstas e impediu o acesso de docentes aos respectivos gabinetes".

A direcção sublinha que tem mantido "um princípio de diálogo e compreensão em relação a este protesto, especialmente por defender causas de relevância indiscutível, no entanto, não pode deixar de manifestar a maior preocupação em relação ao evoluir da situação".

"A Nova FCSH apela ao bom senso dos estudantes envolvidos neste protesto, para que a linha de diálogo anteriormente aberta possa ser retomada" indica ainda.

Uma fonte do movimento "Fim ao Genocídio, Fim ao Fóssil" disse à Lusa que cerca de 20 estudantes bloquearam este sábado o interior do edifício C, de dois andares, da FCSH, em Lisboa, para reivindicar um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e o fim dos combustíveis fósseis até 2030.

Depois da ocupação da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, que terminou com a intervenção da PSP e a detenção de oito jovens, os estudantes iniciaram a 13 de Maio mais dois acampamentos em Lisboa: na FCSH e na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.

O movimento estudantil reivindica ao Governo a defesa de um cessar-fogo imediato e incondicional e um plano que ponha fim ao uso de combustíveis fósseis até 2030 em Portugal. Em comunicado, anunciam que "amplificarão o seu espaço de luta a mais faculdades nos próximos dias" e afirmam "continuar a resistir a quaisquer tentativas de repressão".

Os estudantes também chamam "toda a sociedade" a juntar-se à marcha "Unidas contra o colapso", no dia 8 de Junho, que partirá do Príncipe Real em direcção ao Gabinete de Representação do Parlamento Europeu em Lisboa, onde pretendem denunciar a falta de resposta da União Europeia ao genocídio do povo palestiniano e à crise climática.