Economia com excedente externo de 2200 milhões até Março

Aumento de 18,4% nas viagens e turismo ajudou balança de bens e de serviços. Rácio da dívida externa líquida face ao PIB recuou para o valor mais baixo desde 2006, mostram dados do Banco de Portugal.

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A balança de bens e serviços, que inclui as contas do turismo, teve um saldo positivo de 2410 milhões de euros Daniel Rocha (arquivo)
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A economia portuguesa apresentou um excedente externo de 2181,2 milhões de euros no primeiro trimestre, o que compara com um excedente de 582,6 milhões de euros em igual período de 2023, segundo informa o Banco de Portugal (BdP) nesta sexta-feira.

Em Março, o saldo das balanças correntes e de capital atingiu 672 milhões de euros, mais 508 milhões de euros em termos homólogos.

No caso da balança de bens e de serviços, o BdP assinala que esta atingiu 723 milhões de euros, mais 545 milhões face ao final de Março de 2023.

Esta variação resultou de dois factores principais: da redução em 204 milhões do défice da balança de bens, para 1687 milhões de euros, fruto de decréscimos nas importações (-12,5%) e das exportações (-12,9%); e do aumento do excedente da balança de serviços, para 2410 milhões de euros (+16,5%), que reflecte um aumento de 18,4% das viagens e turismo, que atingiu 1937 milhões de euros.

O saldo da balança de rendimento primário manteve-se praticamente inalterado, num défice de 726 milhões de euros, contra 725 milhões de euros um ano antes, um comportamento semelhante ao registado na balança de rendimento secundário, que apresentou um excedente de 484 milhões de euros, face a 485 milhões de euros no mês homólogo.

O BdP assinala que o menor recebimento de ajudas ao investimento resultou numa diminuição de 36 milhões de euros no saldo da balança de capital, que registou, assim, um excedente de 192 milhões de euros.

No acumulado desde o início deste ano, e em termos homólogos, o BdP registou diminuições dos défices nos saldos da balança de bens e de rendimento primário de 8,89% e 13,72%, respectivamente, para -5057,6 milhões de euros e -881 milhões de euros.

Os saldos acumulados nas balanças de capital, de rendimento secundário e de serviços avançaram, respectivamente, 17,23%, 0,48% e 16,29% para 722,7 milhões de euros, 1311,3 milhões de euros e 6086 milhões de euros.

Rácio da dívida externa em mínimos de 18 anos

Quanto à dívida externa líquida, esta recuou para 51,8% do PIB no primeiro trimestre deste ano, o valor mais baixo desde o primeiro trimestre de 2006, somando 139.700 milhões de euros, segundo a mesma entidade.

O banco central português aponta que a dívida externa líquida face ao PIB se reduziu face aos 63,2% no primeiro trimestre de 2023 e aos 53,8% no final de 2023, estimado em 142,7 mil milhões de euros.

O banco central acrescenta que este é mesmo o rácio face ao Produto Interno Bruto (PIB) "mais baixo observado desde o primeiro trimestre de 2006".

A Posição de Investimento Internacional (PII) de Portugal – que mede a diferença entre os activos de residentes e os passivos de residentes face ao resto do mundo – apresentou, no primeiro trimestre, o seu rácio menos negativo desde o segundo trimestre de 2005.

No período em análise, a PII continuou negativa, mas aliviou para -67,7% do PIB, contra -80,3% um ano antes e -72,5% no trimestre anterior.

Em termos nominais, a posição de investimento internacional de Portugal é de cerca de 182,5 mil milhões de euros, face aos 192,5 mil milhões de euros no final de 2023.

A variação da PII, de acordo com a instituição liderada por Mário Centeno, resultou de diversos factores, destacando-se as variações de preços positivas, as valorizações dos activos líquidos e as variações cambiais.

Se as transacções de activos líquidos no exterior influenciaram a PII em 1485 milhões de euros, as valorizações de preço positivas representaram 7584 milhões de euros, destacando-se a valorização de activos (2400 milhões de euros, dos quais 2200 milhões de euros em ouro monetário) e a desvalorização dos passivos (5200 milhões de euros).

As variações cambiais contribuíram com 680 milhões de euros, impulsionada pela apreciação de activos externos em dólares americanos (perto de 800 milhões de euros), enquanto outros ajustamentos mobilizaram 276,6 milhões de euros.

Segundo o banco central, da redução de 4,8 pontos percentuais no rácio negativo da PII no PIB, uns 3,7 pontos percentuais resultaram da variação nominal da PII e 1,1 pontos percentuais do crescimento do PIB.