A despedida de Ukra ofuscou a despedida do Benfica

“Encarnados” despedem-se da época com empate (1-1) em Vila do Conde frente ao Rio Ave. Kokçu abriu o marcador, Costinha empatou de penálti na compensação.

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Ukra no momento em que saiu de campo e terminou a carreira JOSE COELHO / LUSA
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Este era um jogo de despedidas. Mas quantas? Certo o adeus à época de Rio Ave e Benfica e certo o adeus de Ukra ao futebol que se joga no relvado. Outra despedida possível: Roger Schmidt a fazer o último jogo como treinador das “águias”? E Di Maria? Já teria feito a sua despedida há uma semana na Luz, tal como Rafa? Perguntas que terão resposta em breve. Como jogo despedida da época, em que nada estava em causa para nenhum dos lados, podia ter sido bem pior.

O Benfica despediu-se em Vila do Conde de uma época em que muita coisa não correu bem, com mais um jogo que não lhe correu bem e em que cedeu um empate nos últimos minutos (1-1), o Rio Ave deu uma óptima despedida a um dos seus jogadores mais marcantes dos últimos tempos e ainda ganhou mais um ponto.

Comecemos por aqui. No “onze” de Luís Freire pela primeira vez esta época estava o n.º 17, André Filipe Alves Monteiro, que o futebol conhece por Ukra. Esta era a sua despedida dos Arcos, onde passou sete anos de uma carreira que durou 17 – e foi num desses anos que até chegou à selecção portuguesa. Teria sido uma despedida de sonho se tivesse impacto relevante no jogo, mas cedo se percebeu que aquela titularidade era meramente simbólica.

Aos 17 minutos de jogo, Luís Freire mandou os seus jogadores atirar a bola fora, para que Ukra fosse substituído com ovação e guarda de honra. O jogador de 36 anos beijou os joelhos e o relvado antes de caminhar para a linha lateral, onde estavam colegas e adversários para o saudarem. Nas bancadas, também era claro que as gentes de Vila do Conde não irão esquecer o n.º 17, um jogador diferente no futebol português. Como se lia num cartaz exibido nas bancadas, “Longa vida ao rei Ukra”.

E o resto do jogo? Foi o Benfica a fechar a sua época de frustração com mais frustração, em que Schmidt talvez estivesse a ensaiar algumas coisas para a próxima época. Rafa já não foi a jogo, nem Di Maria, e entraram no “onze” o argentino Rolheiser e Tengstedt – outras novidades, a ausência de Trubin e António Silva e a presença de Samuel Soares e Morato. E Kokçu a jogar na posição que devia ter sido sempre dele, mais adiantado no terreno, onde faz a diferença.

O primeiro adversário do Benfica no jogo foi um estreante, Cezary Miszta, jovem guarda-redes polaco do Rio Ave, que foi fechando a sua baliza como podia, aos 6’ e aos 17’, a remates de Tengstedt, mantendo o marcador a zeros até ao momento Ukra. O Rio Ave bem tentou dividir o jogo e até teve alguns ensaios de ataque, primeiro num remate de Patrick Williams que Soares deteve com segurança, depois num boa jogada pela direita de Joca, sem correspondência devida de Boateng.

O Benfica acabaria por materializar o seu domínio com um golo aos 32’. Aursnes lançou Tengstedt em corrida, o dinamarquês fez o que quis de Aderlan e deixou para Kokçu fazer o 0-1. Os “encarnados” podiam ter marcado mais dois ou três golos em Vila do Conde, mas Miszta fechou a sua baliza a outros perigos, incluindo dos próprios colegas, e foi deixando a porta aberta a outro tipo de resultado.

O resultado manteve-se e Schmidt ainda sentiu confiança para estrear mais alguns jovens – Gustavo Varela, avançado “made in” Seixal, e Prestianni, jovem argentino rotulado de prodígio. Mas gerir uma vantagem mínima é sempre um erro, mesmo que o domínio seja pronunciado. E, mesmo a fechar o jogo, Florentino desviou com o braço um cabeceamento de Aderllan que ainda bateu no poste. O árbitro viu as imagens, marcou penálti e, da marca dos 11 metros, fez o empate, deixando um grande sorriso no rosto de Ukra, a grande figura da noite.

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