Dezenas de utentes contaminados por bactéria multirresistente no Hospital de Penafiel

Surto no Hospital Padre Américo foi denunciado pela Ordem dos Enfermeiros, esta quinta-feira. Utentes contaminados estão em isolamento.

Foto
Hospital Padre Américo, em Penafiel Paulo Pimenta
Ouça este artigo
00:00
02:33

O Hospital de Penafiel colocou em isolamento cerca de 80 utentes contaminados por uma bactéria multirresistente, alertou esta quinta-feira a Ordem dos Enfermeiros. Fonte hospitalar garante que os doentes estão a ser tratados "eficazmente".

Segundo explicou aos jornalistas o infecciologista Rogério Ruas, médico naquele hospital do distrito do Porto, os utentes estão infectados por uma bactéria conhecida pela sigla EPC, "habitual em ambientes hospitalares".

"Temos assistido a um aumento de casos desde o início do ano e este mês tivemos um surto, chegando aos 80 doentes internados colonizados pela bactéria", afirmou. Dos cerca de 80 casos, garante, "apenas uma pequena porção está, de facto, infectada: cerca de 5%".

A situação foi esta quinta-feira denunciada pela Ordem dos Enfermeiros (OE), em comunicado, alertando para as dificuldades observadas no hospital devido ao surto, com um quinto dos doentes internados contaminados.

Para a OE, trata-se de um número "muito elevado" e que "rapidamente se pode multiplicar e disseminar aos restantes internados". Miguel Vasconcelos, dirigente da mesma ordem profissional, considera que a situação pode "impactar drasticamente a qualidade dos cuidados prestados e pôr em risco a vida das pessoas".

Miguel Vasconcelos insistiu que o Hospital Padre Américo, em Penafiel, integrado na Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa, está subdimensionado para a região que serve (cerca de meio milhão de pessoas), apresentando "um défice de profissionais já conhecido".

"Esta bactéria multirresistente exige alguns cuidados, nomeadamente de isolamento, e profissionais dedicados àqueles doentes", trabalho que pode ser prejudicado caso não existam recursos humanos suficientes, concluiu.

Do Hospital de Penafiel, o infecciologista Rogério Ruas desvaloriza a situação, dizendo que aquela bactéria existe no Hospital de Penafiel "como noutros do país" e que o aumento de casos "é cíclico". Anotou ainda que estão a ser usados antibióticos de última linha para "um tratamento eficaz". "Por essa razão é que queremos controlar a disseminação dessas bactérias, é o que estamos a tentar fazer neste momento", acrescentou.

Questionado sobre as críticas da Ordem dos Enfermeiros, que denuncia a insuficiência de profissionais de enfermagem, nomeadamente no serviço de urgência, referiu que no Hospital Padre Américo "a pressão nas urgências é contínua". "O que implica esta situação é mais uma mudança na forma como alocamos estes doentes. Essa pressão não é de agora. Temos medidas que continuam a funcionar e continuaremos atentos a monitorizar a situação nos próximos dias", justificou.