Luísa Salgueiro sobre abertura do PS a viabilizar OE: “Revi-me mais nestas palavras”
Luísa Salgueiro, autarca de Matosinhos e presidente da ANMP, tinha defendido em Abril que o PS viabilizasse OE 2025. Na semana passada, Pedro Nuno Santos deixou porta entreaberta
Depois de várias semanas a insistir na tecla do "praticamente impossível" o PS viabilizar o Orçamento do Estado para 2025 do Governo da AD, o secretário-geral socialista matizou esta posição, assinalando que apesar de continuar a ser improvável, os socialistas poderão vir a dar luz verde à proposta orçamental do executivo de Luís Montenegro. Esta mudança aproxima Pedro Nuno Santos da sua apoiante na recente disputa interna pela liderança do PS, a autarca socialista Luís Salgueiro, que, logo no início de Abril, defendeu que o partido deve negociar o Orçamento de 2025 com o Governo.
Em entrevista ao programa Hora da Verdade do PÚBLICO e Rádio Renascença, a também presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) disse rever-se nas palavras mais recentes de Pedro Nuno Santos e disse esperar que o actual líder socialista continue como secretário-geral aquando das autárquicas de 2025, altura em que espera recandidatar-se à presidência da Câmara de Matosinhos.
Fica satisfeita que Pedro Nuno Santos vá ao encontro daquilo que defendeu há uns meses? O líder do PS admitiu aprovar o Orçamento do Estado para 2025 numa recente entrevista à SIC...
Quando fui questionada sobre a atitude que o Partido Socialista deveria ter, a minha opinião foi de que deve haver uma perspectiva de diálogo que, naturalmente, tem de ser liderada pelo Governo. O Governo está assente num apoio parlamentar com a mesma expressão do PS. Portanto, ao governar, tem de ter a consciência que não o pode fazer isoladamente, sem acolher a perspectiva do PS.
Disse que fazia sentido conversar e garantir que algumas das medidas que o PS aprovou, a bem do país, possam ser vertidas no Orçamento do Estado. E vejo que, recentemente, o secretário-geral do meu partido, que eu apoiei, tem a mesma opinião. É o natural.
Sentiu-se mais confortada?
Não é confortada, não procuro conforto, mas revi-me mais nestas palavras.
E quais é que seriam as consequências para as autarquias de não haver um Orçamento do Estado? Acha viável viver em duodécimos ou o caminho teria de ser, por exemplo, a dissolução do Parlamento?
A gestão em duodécimos é desaconselhável. Nós temos muitas medidas em preparação. É preciso rever, designadamente, as posições remuneratórias da função pública. Temos investimentos dependentes do Orçamento do Estado. Mas não me parece, sobretudo para o país, que fosse conveniente haver uma dissolução da Assembleia da República, a escasso tempo de vigência deste Governo. O país não deve assistir a novo processo eleitoral em breve. E, portanto, se tivermos de governar em duodécimos, será desaconselhável, mas é um dos cenários possíveis.
Vai ser de novo candidata à Câmara de Matosinhos?
Tenho essa vontade.
E espera que seja Pedro Nuno Santos o líder do PS na altura das autárquicas, em 2025?
Espero que sim. Não convém ao Partido Socialista mudar de liderança.
Imaginemos que o PS viabiliza o próximo Orçamento do Estado. Pode haver uma fractura no PS?
Não. Essa decisão terá sempre que ter pressupostos razoáveis, escrutináveis, demonstráveis. Portanto, acho que o Partido Socialista, se optar por uma decisão dessas, se manterá unido em torno dessa decisão que o secretário-geral e a direcção e os órgãos nacionais entendam.