Salários médios aumentaram 6,1% em Março, mas ganho real foi de 3,8%
O aumento da remuneração bruta total mensal média por trabalhador foi mais expressiva no sector público, onde o ganho real chegou aos 4%, revela o Instituto Nacional de Estatística.
Os salários médios brutos aumentaram 6,1% em Março de 2024, mas, se descontarmos a inflação, o ganho real conseguido pela generalidade dos trabalhadores em Portugal não foi além de 3,8%. Os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a remuneração bruta total média por trabalhador (que inclui todas as componentes salariais) passou de 1361 para 1443 euros mensais, registando um abrandamento face à subida observada no final do ano passado (de 6,1% em termos nominais e de 4,4% em termos reais).
Estas estimativas foram feitas com base nos salários de 4,6 milhões de pessoas que descontam para a Segurança Social ou para a Caixa Geral de Aposentações (CGA), sendo que a remuneração média “corresponde ao rácio entre o somatório do volume de remunerações pago pelas empresas e o total de trabalhadores nessas empresas".
Além da remuneração total (que inclui o salário-base e os subsídios de carácter regular, tais como subsídios de alimentação, função, Natal e férias, os prémios de antiguidade, de produtividade ou de isenção de horário), o INE faz também uma análise mais detalhada das suas componentes. Assim, conclui que a remuneração bruta regular mensal média por trabalhador (que exclui os subsídios de férias e de Natal e tem, por isso, um comportamento menos sazonal) aumentou 6,1%, enquanto a remuneração-base teve uma subida de 6,3%.
No entanto, se a estas percentagens descontarmos a inflação de 2,2% registada no trimestre terminado em Março, “em termos reais, a remuneração bruta total mensal média aumentou 3,8% e as suas componentes regular e base aumentaram 3,8% e 4%”, respectivamente, lê-se no destaque agora publicado.
Em relação a Dezembro de 2023, nota o INE, assistiu-se a uma aceleração dos preços (a inflação passou de 1,7% para 2,2%) e a uma desaceleração dos salários reais, com o ganho de poder de compra da remuneração total a passar de 4,4%, no ano passado, para 3,8% em 2024.
Os dados mostram ainda que os maiores aumentos nominais da remuneração total foram observados na indústria extractiva (12,9%) e nas actividades de saúde humana e apoio social (10%), enquanto a menor variação ocorreu nas actividades financeiras e de seguros (1,9%). Tendo em conta a inflação, foram observadas variações reais positivas na generalidade das actividades económicas, excepto nas actividades financeira e de seguros, onde a remuneração total dos trabalhadores teve uma perda de poder de compra de 0,2%.
Em relação ao período homólogo de 2023, a remuneração total aumentou em todos os escalões de dimensão da empresa, tendo a maior variação ocorrido nas empresas com 500 e mais trabalhadores (6,9%) e a menor nas empresas com 50 a 99 trabalhadores (4,4%). O aumento da remuneração real foi transversal a todos os grupos de dimensão de empresa.
Tal como já tinha acontecido em Dezembro do ano passado, os trabalhadores da administração pública conseguiram ganhos ligeiramente superiores aos do privado.
No sector público, a remuneração bruta total mensal média passou a ser de 1889 euros em Março de 2024, o que representa um aumento nominal de 6,3% e real de 4%. Já no sector privado, os salários aumentaram de forma menos expressiva: a remuneração total registou uma variação homóloga de 6,2%, para 1356 euros mensais, o que se traduziu num ganho de poder de compra de 3,9%.
O INE alerta para que as disparidades nos níveis remuneratórios médios entre o sector das administrações públicas e o sector privado reflectem as diferenças no tipo de trabalho realizado, na composição etária e nas qualificações dos trabalhadores.
Dados divulgados ontem pela Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), que são obtidos de forma diferente dos do INE, davam conta de um aumento recorde de 6,6% do ganho médio dos trabalhadores da administração pública, ultrapassando, pela primeira vez, a barreira dos dois mil euros brutos, enquanto o salário-base aumentou 6,4%.