FIFA quer tornar o racismo uma ofensa disciplinar

As federações nacionais de futebol devem enquadrar o racismo como uma questão disciplinar e a FIFA quer criar um gesto global para alertar os árbitros para episódios racistas.

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Gianni Infantino quer racismo como ofensa disciplinar e gesto global de alerta para episódios racistas RUNGROJ YONGRIT / EPA
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A FIFA pediu, esta quinta-feira, 16 de Maio, que as 211 federações nacionais de futebol criassem mecanismos para enquadrar o insulto racista como uma questão disciplinar. O pedido foi feito no 34.º Congresso da Confederação Asiática de Futebol, como forma de antevisão do 74.º Congresso da FIFA, em Banguecoque, na Tailândia, que começa esta sexta-feira, 17.

Além da mudança de enquadramento do racismo, o organismo máximo do futebol mundial pretende que exista uma sinalética universal para que os jogadores comuniquem incidentes racistas aos árbitros. Foi apresentada a sugestão de cruzar as mãos na zona dos pulsos (imitando um X) e levantá-las no ar, com os dedos esticados.

Na sexta-feira, a FIFA apresentará às federações-membros um compromisso de cinco pilares para o combate ao racismo, seguindo as manifestações do presidente, Gianni Infantino, que já havia prometido fazer uma proposta mundial no âmbito desta discriminação, avança a Lusa.

Outras medidas do compromisso incluem que as federações tornem o racismo numa infracção específica no regulamento, que os governos tornem a questão uma infracção penal e a criação de um painel anti-racismo para monitorizar e aconselhar o processo de execução do plano, acrescentou o The New York Times.

Numa carta enviada às federações esta quinta-feira, Mattias Grafstrom, o novo secretário-geral da FIFA, citado por aquele jornal norte-americano, afirma: “Chegou o momento de o futebol se unir inequivocamente e comprometer-se, enquanto comunidade global, a abordar a questão do racismo no desporto.” Grafstrom explica que a FIFA tem ouvido, há vários meses, os actuais e antigos jogadores, “frequentemente as principais vítimas deste acto hediondo”, e foram as suas opiniões que deram origem à nova proposta.

Há algumas medidas que já estão a ser utilizadas. Em 2018, a FIFA introduziu uma abordagem de três fases para a forma como os árbitros devem lidar com cânticos racistas: primeiro, devem pedir que parem; depois, devem suspender o jogo; caso a situação persista, o jogo deve acabar. No entanto, nos últimos seis anos, esta abordagem foi pouco utilizada.

Em 2016, o presidente da FIFA dissolveu o Grupo de Trabalho Anti-Racismo por, na sua opinião, "já ter cumprido completamente a sua missão temporária". No entanto, fez da luta contra o racismo uma das prioridades para 2024 e pediu que as federações apresentassem mais ideias no congresso.

Os episódios racistas em jogos de futebol acontecem com alguma frequência. Ainda este ano, o guarda-redes do AC Milan foi vítima de insultos. A situação levou a que Infantino apelasse à declaração da derrota automática para as equipas cujos adeptos protagonizassem episódios racistas.

Ao nível nacional, em 2020, Moussa Marega, na altura jogador do FC Porto, saiu do campo depois de insultos e cânticos racistas dos adeptos do Vitória de Guimarães. O mediatismo do caso levou a um grande aumento das denúncias e sensibilização para o tema em Portugal.