BCP “aprova” propostas para a habitação e para o acesso dos jovens ao crédito

Miguel Maya considera que o que foi anunciado do programa Construir Portugal parece ter sido desenhado por quem teve “o cuidado de perceber a origem do problema” da habitação em Portugal.

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Presidente executivo do Millennium BCP, Miguel Maya, na apresentação dos resultados trimestrais RODRIGO ANTUNES / LUSA
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As recentes novidades apresentadas pelo Governo no domínio da habitação, do apoio aos jovens no acesso ao crédito à habitação, merecem uma avaliação positiva por parte do presidente executivo do Millennium BCP, Miguel Maya, que mostrou alguma preocupação com os detalhes das medidas, que ainda não são conhecidos.

“Os detalhes podem transformar uma boa ideia numa péssima solução”, afirmou o gestor, que falava esta quarta-feira no final da apresentação de resultados do primeiro trimestre, período em que a instituição registou lucros trimestrais consolidados de 234,3 milhões de euros, mais 8,4% que nos primeiros três meses do ano, com Portugal a contribuir com 203,5 milhões de euros (+18,4%).

O CEO do Millennium referia-se concretamente à garantia pública que o novo executivo liderado por Luís Montenegro pretende criar para permitir aos jovens aceder a 100% do crédito para compra de casa. Miguel Maya destaca que muitos jovens não dispõem de 10% do valor de aquisição, o que os impossibilita de comprar casa, um investimento que o responsável considera ser “simultaneamente uma poupança”, pelo valor do activo imobiliário.

Esta medida está a ser discutida com o Banco de Portugal e a Associação Portuguesa de Bancos, mas o gestor garantiu que não conhece as condições de acesso, como a idade ou valor de aquisição do imóvel, entre outras. Ainda assim, considera que a medida pode dar "um contributo bastante positivo para resolução do problema da habitação em Portugal".

“A habitação é um tema sério em Portugal”, afirmou Miguel Maya, considerando que as medidas anunciadas no âmbito do programa Construir Portugal parece “desenhado por quem tem consciência ou teve o cuidado de tentar perceber a origem do problema e conceber soluções que dêem resposta aos problemas efectivos".

O CEO do Millennium considera que, “dentro do que já foi anunciado, [o programa] parece bastante positivo do ponto de vista do reforça da oferta”, salvaguardando, também aqui, que que será preciso esperar para ver como vai ser feita “a passagem das palavras a números”, ou “promessas a resultados”.

Também o lançamento do novo aeroporto é visto “com satisfação”, referindo que Maya que o banco “vai estar particularmente activo a apoiar na construção do aeroporto e não só o aeroporto mas todas as infra-estruturas associadas”.

Sobre a possibilidade de redução do IRC, o responsável considerou que a prioridade do novo Governo deverá passar pela eliminação “dos impostos extraordinários que já se tornaram ordinários”, que o BCP “carrega às costas e que equivale a cerca de 60 milhões de euros”, onde se inclui “um imposto sobre uma crise que já foi há não sei quantos anos”, disse. Em causa o imposto extraordinário sobre a banca, o adicional de solidariedade, criado para fazer face às despesas da pandemia de covid-19, e ainda a contribuição para o Fundo de Resolução bancário nacional, que não existem noutros países.

Relativamente à política fiscal do Governo, lembrou que manter “as contas certas é um imperativo para Portugal”, sobretudo para “as famílias e empresas”.

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