Uma equipa científica internacional encontrou um exoplaneta de tamanho semelhante à Terra a orbitar em torno de uma estrela anã-vermelha, situada a cerca de 55 anos-luz de distância da Terra.

O resultado da investigação, publicado na revista Nature Astronomy, citado pela agência espanhola Efe e que contou com investigadores do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC), em Espanha, concluiu que mais de 70% das estrelas da Via Láctea são “anãs M”, geralmente conhecidas por anãs-vermelhas.

Este tipo de estrelas é das mais frias e menos brilhantes presentes na Via Láctea.

De acordo com o IAC, enquanto estrelas como o Sol ardem durante cerca de dez mil milhões de anos antes de se tornarem gigantes vermelhas, as anãs M continuam a brilhar durante 100 mil milhões de anos ou mais, o que pode significar uma janela ainda mais longa para o desenvolvimento da vida.

O IAC salienta que as estrelas anãs ultrafrias são muito comuns na Via Láctea, mas são tão delicadas que as suas populações planetárias permanecem, em grande parte, inexploradas.

À procura de mundos habitáveis

A equipa da investigação científica criou o Speculoos (Search for Planets Eclipsing Ultra-Cool Stars), rede especializada de telescópios profissionais que facilita a exploração de estrelas anãs ultra-frias.

O astrofísico Michael Gillon, da Universidade de Liège (Bélgica), explica, citado pela agência Efe, que a rede Speculoos foi concebida “especificamente para explorar estrelas anãs ultra-frias próximas em busca de planetas rochosos”, como a que foi recentemente encontrada.

Segundo o cientista, é provável que este exoplaneta não tenha atmosfera, uma vez que orbita muito mais perto da sua estrela do que a Terra do Sol, o que “aumenta a temperatura da sua superfície”.

O exoplaneta, com o nome “Speculoos-3 b”, apresenta um lado sempre virado para a estrela, conhecido como o lado do dia, tal como acontece com a nossa Lua, que tem um lado sempre virado para a Terra.

Um ano, ou seja, o tempo que o planeta Speculoos-3 b demora a fazer a sua órbita em torno da estrela, dura cerca de 17 horas. A estrela Speculoos-3 apresenta dimensões ligeiramente maiores do que Júpiter, o maior planeta do nosso sistema solar, e é milhares de graus mais fria do que o nosso Sol, com uma temperatura média de 2627 graus Celsius. Contudo, o planeta, que se encontra a 55 anos-luz de nós, recebe quase 16 vezes mais energia da sua estrela por segundo do que a Terra recebe do Sol, o que aumenta a temperatura da sua superfície.

Para Rui Alonso, investigador do IAC, estão a ser feitos “grandes progressos no estudo de planetas que orbitam outras estrelas”. “Chegámos à fase em que podemos detectar e estudar em pormenor exoplanetas do tamanho da Terra (...) e determinar se algum deles é habitável”, conclui.