FMI elogia políticas de Milei e vai desbloquear nova parcela do empréstimo

A gestão do novo Governo argentino alcançou “resultados melhores do que o esperado”, segundo a missão técnica do FMI. Excedente fiscal e queda acelerada da inflação são os indicadores destacados.

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Milei prometeu uma reformulação profunda da economia argentina Agustin Marcarian / REUTERS
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que a gestão económica do Governo argentino do Presidente Javier Milei obteve “resultados melhores do que o esperado” e abriu caminho para que seja aprovada uma nova parcela de 800 milhões de dólares (741 milhões de euros) do programa de assistência financeira ao país sul-americano.

O organismo internacional divulgou uma nota técnica na segunda-feira em que avalia os índices económicos do primeiro trimestre e mostra muito optimismo em relação às políticas adoptadas pelo novo Governo.

“Apesar de herdar uma situação económica e social muito desafiante, a implementação decisiva pelas autoridades do seu plano de estabilização (…) resultou em progressos mais rápidos do que o antecipado na restauração da estabilidade macroeconómica e ao trazer o cumprimento do programa de volta à sua implementação”, lê-se no comunicado do FMI.

Entre os resultados obtidos pelo Governo, o FMI destaca o primeiro excedente fiscal obtido em 16 anos e a queda acelerada da inflação, além de outros indicadores macroeconómicos. “As autoridades também fizeram esforços significativos para aumentar o apoio social para mães jovens e crianças vulneráveis e para proteger o poder de compra dos pensionistas”, acrescentam os analistas.

A avaliação da missão técnica do FMI é o primeiro passo para que seja viabilizada a entrega da próxima parcela do empréstimo. Falta a luz verde da direcção executiva do FMI, que deverá analisar o tema nas próximas semanas, mas a expectativa é a de que venha a ser aprovada.

O programa de assistência financeira do FMI à Argentina, no valor total de 44 mil milhões de dólares (40 mil milhões de euros), teve início em 2018, ainda durante a presidência de Mauricio Macri, mas, desde então, foi renegociado por falta de condições para o cumprimento dos prazos.

Milei foi eleito no ano passado com a promessa de pôr ordem as contas públicas argentinas e de combater alguns problemas estruturais da economia nacional, como a inflação descontrolada ou a fraqueza da moeda. Embora nos primeiros meses o seu Governo não tenha conseguido fazer aprovar grande parte das reformas planeadas, sobretudo por falta de maioria no Congresso, várias medidas têm tido um impacto profundo na Argentina.

Foram despedidos dezenas de milhares de funcionários públicos, encerrados inúmeros organismos estatais e há cortes em praticamente todos os sectores.

A contestação social às medidas radicais defendidas por Milei, que ameaçam fazer aumentar ainda mais a pobreza na Argentina, também se tem intensificado. No mês passado, cerca de meio milhão de pessoas participou num protesto contra o Governo motivado pela falta de financiamento das universidades públicas, que correm o risco de ter de suspender as suas actividades nos próximos tempos.

O próprio FMI reconhece que é necessário “continuar o progresso na ampliação do apoio político e social a estes esforços e no combate aos interesses estabelecidos”.

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