Sem grandes decisões, as contas do campeonato parecem simples
FC Porto e Sp. Braga lutam pelo último lugar do pódio para simplificar acesso à Liga Europa. Boavista, Portimonense e Estrela da Amadora querem selar permanência. AVS ou Marítimo espreitam subida.
Com os dois primeiros e os dois últimos classificados da I Liga definidos, a temporada 2023/24 encerra no próximo sábado com as atenções centradas na discussão do terceiro lugar e na fuga ao play-off de despromoção, com FC Porto e Sp. Braga envolvidos num confronto directo pelo pódio, enquanto Portimonense, Estrela da Amadora e Boavista tentam garantir a permanência, dispensando a angústia de um “prolongamento” de fim de época.
O campeonato deste ano não reservou todas as emoções e decisões para a última hora, simplificando contas e cenários intrincados, com desempates rebuscados e picos de ansiedade na última semana das provas profissionais.
A confirmação dos objectivos de mais um ano, pelo menos os mais importantes, surgiu até com alguma antecedência: desde a conquista do título, assegurada pelo Sporting, passando pelos lugares europeus, até à descida ao escalão secundário, onde regressam Vizela e Desp. Chaves.
Nova Champions sem "dragões"
Na Europa, Sporting e Benfica garantiram a entrada na cada vez mais exclusiva Liga dos Campeões, onde não estará o FC Porto, o mais assíduo, numa prova em que nos últimos 13 anos só falhou por uma vez. O Sporting acede directamente ao novo formato, enquanto o Benfica terá de aguardar pela final da Liga Europa para saber se precisa de passar pela fase de qualificação para aceder à Champions.
Enquanto isso, FC Porto e Sp. Braga discutem na “Pedreira” (20h30) o terceiro lugar da Liga, precisamente o que garante os moldes de participação na Liga Europa, ficando o quarto mais bem posicionado da Liga portuguesa obrigado a começar pela segunda pré-eliminatória da competição. Um ponto separa portistas de bracarenses, com vantagem dos “dragões”, que só não podem perder em Braga.
Por seu lado, o quinto da tabela, o Vitória de Guimarães, já sabe que seguirá para a Liga Conferência, também com entrada através da segunda pré-eliminatória. No pelotão liderado pelo Moreirense (que fecha os lugares de acesso à Taça da Liga), quase todas as equipas têm as posições praticamente definidas, estando apenas em aberto o 16.º lugar, ocupado pelo Portimonense.
Posição que ninguém quer, pois obriga a um confronto com o terceiro classificado da II Liga, onde também está quase tudo acertado com a subida de Santa Clara e Nacional e a despromoção de Belenenses e Länk Vilaverdense.
O Portimonense está, teoricamente, em desvantagem por depender de terceiros e por jogar em Faro, frente ao rival algarvio que defende um salutar 9.º lugar em ano de regresso sempre difícil ao convívio dos grandes. Na verdade, a equipa de Paulo Sérgio até venceu mais um jogo fora do que em casa (4-3), onde o último triunfo aconteceu na recepção aos “leões” de Faro.
Em risco de cair na antepenúltima posição estão Estrela da Amadora (30 pontos) e Boavista (31), que recebem o Gil Vicente e o despromovido Vizela, respectivamente, com os três jogos que podem confirmar a permanência a decorrerem à mesma hora (15h30). A “tricolores” e “axadrezados” basta conseguir o mesmo desfecho do duelo entre algarvios para poderem marcar as férias sem sobressaltos.
O Boavista esteve na iminência de afastar-se desta discussão no derby portuense de domingo, mas acabou por cair nos últimos minutos.
O Estrela da Amadora saiu goleado de Vizela, adiando a questão e lembrando à “pantera” que defrontar um adversário despromovido não é sinónimo de triunfo garantido.
Madeira quer dobrar aposta
Assegurado o regresso do Nacional à I Liga, depois da despromoção de 2020/21, a Madeira volta a ter um representante no primeiro escalão (os Açores também, graças ao Santa Clara). Mas a aposta pode dobrar, caso o Marítimo consiga acompanhar o rival nesta subida, embora os maritimistas não dependam apenas do resultado da deslocação a Viseu.
Na Vila das Aves, o AVS recebe o Tondela, bastando-lhe um triunfo para assumir o último lugar do pódio, atrás de açorianos e nacionalistas, que ainda correm pelo título de campeão. Ao Marítimo, quarto da tabela, compete vencer e acalentar a esperança de chegar ao play-off de promoção para a decisiva batalha que lhes possibilitaria acompanhar os rivais da Choupana no regresso à elite nacional.
No fundo, para além de Belenenses e Länk Vilaverdense, há ainda um Feirense a lutar para evitar uma dolorosa viagem de duas décadas no tempo, até à última presença num campeonato não profissional (2002/03). O Feirense ocupa o lugar de play-off de despromoção, e terá no domingo uma última oportunidade de sobrevivência.