Terminou a “dança luminosa” da aurora boreal

A tempestade solar não acabou e o fenómeno das auroras boreais pode continuar, com menos intensidade, concentrando-se agora de forma mais clássica em direcção ao pólo Norte.

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Aurora boreal fotografada em Torres Vedras pelas 20h45 de sexta-feira (10 de Maio) e enviada pela sua autora ao PÚBLICO Carla Santos
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O espectáculo da aurora boreal que “incendiou” o céu em todo o mundo durante três noites terminou esta segunda-feira, num evento associado a uma tempestade solar histórica que ainda se mantém, mas como menos intensidade.

“O mais espectacular ficou para trás. Houve outra explosão solar no domingo e, portanto, talvez ainda haja uma hipótese de ver pequenas coisas a acontecerem, mas não a olho nu”, explicou esta segunda-feira Eric Lagadec, astrofísico do Observatório de Côte d’​Azur, à agência de notícias France-Presse (AFP).

As explosões de partículas do Sol, que desencadearam uma forte tempestade geomagnética ao atingir a Terra na sexta-feira, continuaram a atingir a sua atmosfera exterior até à madrugada desta segunda-feira.

Nos Estados Unidos, o alerta permaneceu em vigor até às 7h (horas portuguesas) de segunda-feira, de acordo com o Centro de Previsão do Clima Espacial dos EUA (SWPC, na sigla em inglês) e a agência para os oceanos e a atmosfera dos EUA (NOAA, na sigla em inglês).

Da Áustria à Califórnia, da Rússia à Nova Zelândia, fotos em tons de azul, laranja ou rosa enfeitaram as redes sociais durante o fim-de-semana, com Portugal também a ser “contemplado”.

As explosões solares, chamadas ejecções de massa coronal, que podem chegar à Terra durante vários dias, causaram este fenómeno, criando as auroras boreais e austrais, ao entrar em contacto com o campo magnético da Terra.

O fenómeno luminoso, excepcional em latitudes tão baixas, como Portugal, já se tinha enfraquecido durante a noite de sábado para domingo, particularmente em França onde só os mais experientes em fotografia conseguiram captá-los”, acrescentou Eric Lagadec.

A tempestade solar não acabou e o fenómeno ainda pode continuar, mas com menos intensidade, concentrando-se de forma mais clássica em direcção ao pólo Norte.

“A fonte da tempestade é uma mancha solar que está agora na borda do Sol. À partida, as próximas ejecções (de massa coronal) não estarão, portanto, na direcção da Terra”, especificou Eric Lagadec.

A tempestade “diminuirá gradualmente nos próximos dias” e há poucas hipóteses de o espectáculo continuar na segunda e terça-feira, sublinhou também Quentin Verspieren, que coordena o programa de segurança espacial da Agência Espacial Europeia (ESA). Mas “o comportamento do Sol é muito difícil de prever”, acrescentou este especialista.

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Aurora boreal fotografada em Guimarães pela 1h30 da madrugada de sábado (11 de Maio) e enviada pela autora ao PÚBLICO Elvira Monteiro

Maior tempestade geomagnética em mais de 20 anos

A sexta-feira deu origem à primeira tempestade geomagnética “extrema” desde Outubro de 2003, de nível 5, então apelidada de “tempestades de Halloween”.

Embora as autoridades estivessem preocupadas com as possíveis consequências nas redes eléctricas e de comunicações, ainda não foram observadas perturbações importantes.

O multilionário Elon Musk, cuja rede de Internet Starlink conta com milhares de satélites em órbita baixa, garantiu na rede social X que todos estes “resistiram à tempestade geomagnética e que permaneceram “com boa saúde.

Relativamente ao tráfego aéreo, a agência de aviação civil norte-americana (FAA, na sigla em inglês) frisou na sexta-feira que não esperava “consequências significativas”, tendo aconselhado as companhias aéreas e os pilotos a anteciparem possíveis perturbações, que pudessem perturbar as ferramentas de navegação.

A maior tempestade solar já registada ocorreu em 1859, segundo a NASA. Também conhecido como evento Carrington, interrompeu na altura seriamente as comunicações telegráficas.