Debates começam hoje e arriscam ser mais domésticos que sobre o futuro da Europa

Temido, Bugalho, Cotrim e Paupério são os cabeças de lista a esgrimir argumentos no primeiro dos seis debates a quatro que vão decorrer nas próximas duas semanas.

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Dois meses depois das legislativas, arranca a pré-campanha para as europeias Daniel Rocha
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Dois antigos líderes partidários, três estreantes e três veteranos vão entrar, quatro a quatro, num estúdio de televisão, por seis vezes nas próximas duas semanas, para esgrimir os seus argumentos para as eleições europeias que, em Portugal, se realizam a 9 de Junho. Num modelo inédito mas que foi o único consensual, haverá seis debates entre os cabeças de lista dos partidos com assento parlamentar.

O primeiro debate decorre esta noite na SIC e coloca frente-a-frente Marta Temido (PS), Sebastião Bugalho (AD), João Cotrim Figueiredo (IL) e Francisco Paupério (Livre). E será inevitável que as questões passem mais pela política doméstica do que pelos grandes temas do futuro da Europa – ainda que se possa dizer que os problemas nacionais são um reflexo dos assuntos europeus.

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Numa conjuntura de grande instabilidade – com um governo frágil e um Parlamento mais dividido que nunca –, a vida política nacional está crispada como se se mantivesse numa campanha eleitoral contínua, com todos os partidos a darem sinais de que preparam já as próximas eleições legislativas. “Vamos ganhar as europeias para logo a seguir ganharmos Portugal", dizia, por exemplo, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, na apresentação do manifesto eleitoral para as europeias.

O facto de a cabeça de lista socialista ser ex-ministra da saúde pode ajudar à “nacionalização” do debate, depois de a saúde ter sido um dos grandes temas da campanha para as legislativas e continuar a ser um dos assuntos preferidos da direita – e em particular da IL – para criticar o anterior Governo.

O debate pode aquecer, mas não deve chegar a roçar os temas fracturantes da União Europeia, como o reconhecimento da Palestina como Estado, a criação de uma força militar europeia, o envio de tropas para a Ucrânia ou o como o alargamento a novos países vai impactar nos fundos europeus. Já o crescimento da extrema-direita e as questões climáticas serão incontornáveis, até pelo impacto que têm na vida política nacional.

O segundo debate – entre Catarina Martins (BE), Pedro Fidalgo Marques (PAN), Tânger Correia (Chega) e Francisco Paupério (Livre) – realiza-se quarta-feira na RTP e o terceiro, onde entra em campo o candidato da CDU, João Oliveira, decorre na sexta-feira na TVI, sendo os restantes na próxima semana (dias 20, 21, 24 e 28). Foi a solução encontrada à terceira tentativa para responder às objecções que foram sendo colocadas.

O primeiro modelo proposto pelas televisões contava com 28 debates, o que foi considerado excessivo por alguns partidos, argumentando que afectaria a campanha eleitoral. O segundo modelo previa três debates com todos os partidos com assento parlamentar e um frente-a-frente entre socialistas e a AD.

Este único duelo motivou uma onda de protestos: o Bloco de Esquerda prometeu apresentar uma providência cautelar, o PCP pediu às televisões que encontrassem outra solução, o Livre e o PAN também criticaram o modelo e a Iniciativa Liberal acabou por propor que se fizessem debates a quatro. Acabou por ser esse o modelo vencedor, ainda que não tenha ficado isento de críticas.

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