Marta Temido acossada, direita in love

Foi a estreia de um novo modelo de debate televisivo na pré-campanha para as europeias. Houve candidato-revelação e várias desilusões.

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Marta Temido (PS) levava uma série de folhas com apontamentos, algum desconforto com o passado da governação socialista e a vontade de virar a discussão para o actual governo da AD. Só isso pode ajudar a explicar o apagamento da ex-ministra da Saúde no primeiro debate televisivo a quatro das europeias, esta segunda-feira na SIC, centrado quase exclusivamente (e bem) nos próximos desafios imediatos da União Europeia (Pacto das Migrações, alargamento e política de defesa).

No Pacto das Migrações, viu os candidatos da direita serem mais críticos e inconformados do que Temido, apesar de todas as reservas que este acordo levantou na esquerda, que perante as dificuldades provocadas pela extinção do SEF pediu mais tempo a todos aqueles que esperam por uma resposta do Estado português. (“As mudanças demoram tempo a dar resultado”, defendeu).

Sebastião Bugalho (AD) foi agressivo, ao acusar o PS de ajudar as redes de tráfico de seres humanos por ter deixado a AIMA num caos, num estilo que com certeza agradou a Luís Montenegro, que havia dito que o tinha escolhido por ser combativo e polémico. “O PS entregou a política de imigração a redes de tráfico humano”, acusou, no momento mais tenso do debate o candidato da AD, que se manteve sempre à vontade e ansioso por mostrar como fez bem o seu trabalho de casa.

João Cotrim de Figueiredo (IL), que não tinha escondido a sua surpresa com a escolha de Sebastião Bugalho como cabeça de lista da AD e que criticou a sua falta de pensamento sobre a Europa, pareceu desperdiçar a oportunidade de confrontar o adversário. Não só não ensaiou nenhum tipo de crítica como elogiou em vários momentos a posição do candidato da AD, parecendo que estávamos a assistir a um debate das legislativas e que depois das eleições aqueles dois partidos preparam-se para se unir numa coligação.

Francisco Paupério (Livre) foi a revelação da noite. Desconhecido da maior parte dos portugueses, mostrou que domina todas as matérias europeias (teve um treino intensivo no projecto Praça do Luxemburgo) e que às vezes um sorriso perante as propostas do adversário é a melhor resposta, Sebastião Bugalho que o diga. Para Marta Temido, foi demolidor ao acusar o PS de ter concordado com um Pacto das Migrações que estabelece um valor monetário para a vida de um refugiado.

O consenso generalizado (que também houve) ficou para o fim do debate: todos os candidatos concordaram que a União Europeia deve reforçar o seu investimento em Defesa.

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