Estudantes pelo “fim ao genocídio” em Gaza ocupam mais duas faculdades de Lisboa

Estudantes garantem que protestos continuarão até que reivindicações sejam atendidas. Apelam a um cessar-fogo imediato e incondicional na Faixa de Gaza e ao fim da exploração de combustíveis fósseis.

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Estudantes na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA
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Jovens ativistas pelo clima ocupam a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas para protestarem contra a guerra na Faixa de Gaza e o uso de combustíveis fósseis, em Lisboa, 13 de maio de 2024. JOS?? SENA GOUL??O/LUSA JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA
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Depois da ocupação da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, que terminou na passada quinta-feira, 9 de Maio, com a intervenção da PSP e a detenção de oito jovens, os estudantes portugueses retomam esta segunda-feira os acampamentos em instituições de ensino pelo "fim ao genocídio" do povo palestiniano e pelo fim dos combustíveis fósseis. Desta vez, ocupam a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa e a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL).

"A ocupação da Faculdade de Psicologia foi só o começo da nossa luta", garante Leonor Chicó, de 19 anos, uma das alunas da FCSH que vai dormir nas tendas no exterior da faculdade. "Durante o fim-de-semana, organizámo-nos e preparámo-nos para as próximas semanas. Hoje voltamos, mais e com mais força, prontos para ocupar estas duas faculdades."

Os estudantes continuam a exigir um "cessar-fogo imediato e incondicional no território ocupado da Palestina", o corte de relações diplomáticas e financeiras entre as instituições portuguesas e Israel, o apoio do Governo à queixa apresentada contra Israel por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça, além do reconhecimento do Estado da Palestina e a criação de um mecanismo especial de protecção para refugiados palestinianos.

Quanto ao "fim ao fóssil", pedem o fim da exploração de todos os combustíveis fósseis até 2030, prática que os estudantes definem também como um acto de violência, e electricidade 100% renovável e gratuita até 2025.

"Uma vitória para o movimento seria um cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza e a tomada de medidas pelo fim ao fóssil. Leve o tempo que levar, a luta estudantil continuará acesa, até que todas as reivindicações sejam atendidas", promete outra das estudantes em protesto, ouvida pelo P3.

Por enquanto, ainda não houve diálogo com a direcção da FCSH, onde já estão acampados dezenas de estudantes. A direcção da FBAUL realizou uma reunião com os estudantes durante a tarde, garantindo manter "total abertura para o diálogo" e assegurar "todos os esforços para que o protesto estudantil em curso nas suas instalações decorra nas melhores condições".

De forma paralela à ocupação, vários núcleos estudantis enviaram na passada sexta-feira uma carta aberta à direcção e conselhos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. "Enquanto instituição de ensino construída sobre os valores de Abril, a NOVA-FCSH tem o dever de quebrar o silêncio sobre o massacre que, há sete meses, horroriza a sua comunidade estudantil", lê-se na carta já assinada por 230 estudantes, professores, investigadores e antigos alunos.

No texto, exigem que a faculdade assuma publicamente uma posição de "repúdio do actual genocídio do povo palestiniano às mãos do Estado de Israel e a favor de um cessar-fogo imediato"; a "recusa de qualquer colaboração com instituições de ensino e de investigação israelitas, incluindo acordos de intercâmbio e de cooperação internacional"; ou o "compromisso com a protecção da liberdade de expressão e de direito de protesto da comunidade estudantil e académica".

A direcção da FCSH assume estar a preparar uma resposta à carta aberta que lhe foi endereçada pelos estudantes e estar a "analisar" a ocupação em curso no campus da Avenida de Berna.

Notícia actualizada às 23h20 de 13 de Maio para incluir os esclarecimentos do presidente da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.

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