Forças especiais da Guiné-Bissau vão ser formadas na Tchetchénia

Presidente guineense visitou a Tchetchénia e ficou impressionado com as aptidões do filho adolescente do presidente tchetcheno, que é o chefe dos Serviços de Segurança da república russa.

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Forças tchetchenas a treinar na Ucrânia MAXIM SHEMETOV / REUTERS
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Umaro Sissoco Embaló pediu ajuda aos russos para a formação das suas forças especiais e a república autónoma russa da Tchetchénia já respondeu afirmativamente ao pedido. Foi o próprio presidente tchetcheno quem o anunciou no Telegram, citado pelo Atlas News: “Enquanto bebíamos uma chávena de chá, discutimos possíveis áreas de cooperação mutuamente benéfica e o desenvolvimento de relações amigáveis. A pedido de Umaro Sissoco Embaló, militares da Guiné-Bissau deslocar-se-ão à República da Tchetchénia para receberem formação.”

A conversa decorreu na Academia de Forças Especiais da Tchetchénia, que Embaló visitou na sexta-feira, depois de ter assistido na quinta às comemorações do Dia da Vitória em Moscovo, junto ao Presidente russo, Vladimir Putin.

“Neste momento temos mais de 100 oficiais militares em formação na Rússia, em Frunze [Academia Militar], e noutras academias militares. Agora pedimos que nos formem as nossas forças especiais”, confirmou o chefe de Estado guineense, em declarações à Lusa.

Na sua estadia na Tchetchénia, Embaló terá ficado impressionado com os dotes com as armas do filho adolescente de Ramzan Kadirov, Adam, de 16 anos, que é também o chefe dos Serviços de Segurança tchetchenos, nomeado pelo pai em Novembro do ano passado.

Segundo a mensagem do presidente tchetcheno, Embaló “manifestou a sua disponibilidade para uma possível interacção em vários domínios, bem como para o reforço das relações fraternas entre a Guiné-Bissau e a República da Tchetchénia, que faz parte da Federação Russa”.

“Não preciso de autorização de nenhum outro país ou Presidente da República para visitar a Rússia ou onde quer que seja. Eu sou soberano,” disse à Lusa o chefe de Estado guineense, acrescentando a mesma mensagem que o primeiro-ministro santomense, Patrice Trovoada, já tinha enviado a Portugal em relação ao acordo de cooperação militar que o seu Governo assinou com a Rússia: “A Guiné-Bissau é um Estado soberano e independente.”

Os militares tchetchenos ganharam fama de serem soldados ferozes e cruéis nas duas guerras que travaram contra a Rússia, entre 1994 e 1996 e, depois, entre 1999 e 2009.

Actualmente, há militares tchetchenos a combater nos dois lados do conflito na Ucrânia, embora o grosso das forças esteja do lado russo: no princípio do conflito, falou-se entre 10 mil e 12 mil homens, tendo os combatentes passado a ocupar o lugar na linha da frente dos mercenários do Grupo Wagner, depois da morte de Yevgeny Prigozhin (Ievgueni Prigojin na transliteração portuguesa).

Mas desde o fim da segunda guerra com a Rússia, em 2009, que militares tchetchenos têm ajudado na formação das milícias pró-russas que combatiam as forças ucranianas no Leste da Ucrânia.

“Somos bons aliados agora e esperamos continuar a sê-lo no futuro”, disse o Presidente guineense no seu encontro com Vladimir Putin na quinta-feira, de acordo com a transcrição da conversa disponibilizada pelo Kremlin. “Podem contar com a Guiné-Bissau como um parceiro fiável, que nunca mudará”, acrescentou Embaló, que aproveitou para convidar Putin a visitar o seu país: “Espero que algum dia faça um périplo por África que inclua a Guiné-Bissau.”

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