IP diz que anterior executivo de Coimbra não deu indicação para repor tróleis

O projecto de autocarros eléctricos em via dedicada, chamado metrobus, e obrigou à retirada das catenárias dos tróleis.

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José Manuel Silva mostrou a sua "estupefacção" por o anterior executivo não ter assegurado, no âmbito do projecto do SMM, uma reposição de uma linha de tróleis, compatível com o metrobus. Nelson Garrido
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Um ofício da Infra-estruturas de Portugal (IP) divulgado nesta segunda-feira pela Câmara Municipal de Coimbra afirma que não está prevista a reposição de tróleis na cidade por o anterior executivo municipal (PS) não ter dado qualquer indicação nesse sentido.

O ofício da IP, que é a dona de obra do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), surge depois de o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra, ter sido acusado de ser o "coveiro dos tróleis", por várias vezes no passado, por parte de vereadores e deputados municipais do PS, partido que liderou o executivo entre 2013 e 2021.

"Não tendo sido enviada à IP, na fase de projecto, uma informação objectiva e concreta sobre o futuro dos tróleis nos locais onde o seu traçado era coincidente com o do SMM [Sistema de Mobilidade do Mondego], a IP não considerou qualquer intervenção neste modo de transporte no âmbito do projecto do SMM", lê-se no ofício assinado pelo presidente da Infra-estruturas de Portugal, Miguel Cruz, enviado ao município e a que a agência Lusa teve acesso.

O ofício, que surge em resposta a um outro enviado pelo município à IP, afirma ainda que não é possível, "neste momento, incluir investimentos adicionais relacionados com os tróleis nos contratos em execução do SMM", sistema que será operado com recurso a autocarros eléctricos em via dedicada (chamado de metrobus), e que obrigou à retirada das catenárias dos tróleis.

Parte do documento foi lido nesta segunda-feira, na reunião do executivo, pelo presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, mostrando a sua "estupefacção" por o anterior executivo não ter assegurado, no âmbito da definição do projecto do SMM, uma "contrapartida da reposição de uma linha de tracção dos tróleis, compatível com o metrobus".

O ofício da IP refere que tentou mobilizar os SMTUC (Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra) para reuniões semanais do projecto do metrobus, por diversas vezes, "mas tal acabou por não se concretizar", não tendo sido recepcionada "qualquer tomada de posição objectiva sobre as interferências físicas dos transportes colectivos de Coimbra com o traçado do futuro SMM, nomeadamente quanto à questão dos tróleis".

Com base naquele documento, José Manuel Silva acusou o anterior executivo, liderado pelo PS, de não ter tido o cuidado, interesse ou capacidade "de acautelar a questão futura dos tróleis".

"A surpresa é ainda maior porque, não obstante a responsabilidade ser exclusivamente do anterior executivo socialista, a vereadora Regina Bento e o PS repetem ciclicamente as mentirosas acusações contra o actual executivo e contra mim, afirmando que eu já não me livrava do epíteto de "coveiro dos tróleis" em Coimbra, quando a culpa não é nossa", vincou.

O autarca explicou que o ofício surge depois de o município procurar explicações sobre o assunto junto da IP, tendo questionado a responsável pelas empreitadas do SMM sobre se haveria algum acordo para a reposição de uma rede de tróleis e se haveria disponibilidade para reabrir o processo para incluir uma linha.

"O que os SMTUC e o anterior executivo tinham a obrigação de ter feito era, em tempo de negociações, apresentar um circuito alternativo para, incluído no pacote financeiro do metrobus, ser reposta uma linha de tróleis em compensação das catenárias retiradas. Por que não o fizeram?", perguntou José Manuel Silva, dirigindo-se aos vereadores socialistas.

Na resposta, a vereadora Regina Bento, que apelidou no passado José Manuel Silva de "coveiro dos tróleis", afirmou que o presidente da Câmara, "em termos de insultos, bate qualquer um".

"Continue a pôr a culpa nos outros", criticou a vereadora, que não esclareceu o porquê de o anterior executivo, do qual fazia parte, não ter apresentado nenhuma proposta de reposição dos tróleis junto da IP.