Líder da IL rejeita apoio a Costa para cargo europeu e critica propostas do PS e AD
Na apresentação do programa eleitoral dos liberais para as europeias, Rui Rocha deixou críticas às candidaturas de Marta Temido e Sebastião Bugalho.
O presidente da IL afirmou hoje que o partido recusa apoiar António Costa para um cargo europeu por não ter uma visão reformista e criticou propostas dos cabeças de lista do PS e AD às europeias.
"A Europa precisa de uma visão nova, de uma visão rejuvenescida e quando me perguntam se a IL apoiará António Costa para uma função na Europa eu digo não. Mas é má vontade? Não, é porque quem em Portugal não reformou, se conformou com a mediocridade, quem não desafiou interesses instalados, vai para a Europa fazer a mesma coisa", afirmou Rui Rocha, na apresentação do manifesto da IL às europeias de 9 de Junho, que decorreu no Jardim da Estrela, em Lisboa.
Rocha lembrou a frase do ex-primeiro-ministro António Costa perante a presidente da Comissão Europeia, quando questionou "se já podia ir ao banco" resgatar um dos cheques do PRR, para criticar o que classificou de "uma visão medíocre de Portugal de mão estendida" na União Europeia. "Temos demasiadas vezes perguntado o que a Europa pode fazer por nós e menos vezes qual o nosso papel da Europa, como podemos contribuir", criticou.
Na sua intervenção, que se seguiu à do cabeça de lista, o ex-líder João Cotrim Figueiredo, o presidente da IL deixou críticas a propostas apresentadas nos últimos dias pelos cabeças de lista do PS e da AD às europeias, Marta Temido e Sebastião Bugalho, respectivamente.
"Um dos partidos tem no seu programa uma medida que é promover mecanismos europeus que contrariem a fuga de cérebros em Portugal. Ora, a UE é um projecto de liberdade de circulação, esta gente quer que exista uma liberdade de ficar", criticou, numa referência ao manifesto do PS.
Já quanto ao programa da AD, o líder da IL criticou a proposta de incluir a habitação na carta dos direitos fundamentais da União Europeia, questionando "quantas casas vai haver a mais" com essa inclusão. "Não vai mexer nada no mercado. É a mesma coligação que, há três ou quatro dias, não votou favoravelmente um conjunto de medidas da IL que permitiam dinamizar o mercado de habitação e trazer mais casas para os portugueses", criticou.
Rocha aproveitou para deixar críticas ao pacote apresentado na sexta-feira pelo Governo, "Construir Portugal", considerando que fica muito aquém das ideias da IL em matérias como o IVA da construção, o mercado do arrendamento ou a descida do IMT apenas para os jovens até aos 35 anos.
Sem referir nomes, o líder da IL deixou ainda críticas ao cabeça de lista do Chega, Tânger Correia, por ter defendido "ideias sem pés nem cabeça", nomeadamente por ter demonstrado "simpatia para com Milosevic", o ex-presidente da antiga Jugoslávia, que foi acusado de genocídio crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos na Croácia, Bósnia e Herzegovina e Kosovo entre 1991 e 1999.
Prioridade para as europeias: "Menos regulação"
O manifesto eleitoral da IL, intitulado "Europa, um espaço de liberdade", defende que "o projecto da União Europeia é exemplo inequívoco de sucesso da democracia liberal".
No documento de 12 páginas, a IL elege como prioridade política o crescimento económico, que considera passar por "eliminar determinadamente a burocracia, promover menos regulação", bem como "baixar e simplificar impostos, promover competição fiscal entre países e regiões, rejeitar impostos europeus, promover a simplificação dos processos fiscais para eliminar barreiras à concorrência no mercado único".
A IL diz ser favorável "ao alargamento da UE no respeito pelos critérios de Copenhaga, com as necessárias adaptações à governança da UE" e a um reforço do investimento em defesa e segurança.
O partido apoiará, segundo o manifesto, "as reformas necessárias às instituições europeias, como seja a reformulação das votações por maioria qualificada, com salvaguardas de soberania; ou da composição e dimensão do colégio de comissários e respectivo sistema rotativo; e mesmo de recomposição dos comités parlamentares para lograr melhor eficiência".