Vamos ter um Sporting à Benfica?
Nas últimas quatro épocas, o Sporting foi campeão por duas vezes, uma regularidade rara nas últimas décadas. A lealdade a um clube com uma frequência de vitórias baixa será uma forma de martírio?
Pior do que a angústia da página em branco é a da página em verde e branco. E não é porque é fácil a piada, é porque o risco é grande. O risco de falhar, o risco de repetir, o risco de hiperbolizar, o risco do cliché, da chalaça fácil, do desperdício, do “inconseguimento”, da hagiografia bacoca. As vozes interiores do e se corre mal nunca guardam espaço para o e se corre bem. Mas este texto foi um pretexto. Um pretexto para uma procura — que se queria estruturada, mas descarrilou — sobre saber o que sou quando sou do Sporting. Saber o que somos quando somos do Sporting. E tudo começa por tentar saber se, tal como nas pessoas que amamos, um clube é coisa que escolhemos, que nos acontece, ou que nos escolhe. Ou se, no fundo, no fundo, é só dopamina, a jarda, que nos faz loucos da cabeça. Antes de ser do Sporting, dizia que era do Porto — fui a uma final da Taça, o Porto ganhou, apareci n’A Bola. Um petardo de recompensa neuroquímica para um puto de sete anos. Mudei pelos 11, 12 anos, com a chegada do siso. Hoje, sei que jamais deixarei de ser do Sporting. É uma certeza que torna banal o cântico Sporting até morrer. Mas como é que aconteceu?
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