Onde foi pintada a Mona Lisa? Novo estudo diz que é o Lago Como

Paisagem da pintura de Leonardo novamente sob escrutínio, desta feita juntando várias peças do puzzle: ponte, elevações, vegetação e água. Geóloga e historiadora de arte reputada aposta em Lecco.

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Turista fotografa a famosa obra de Leonardo da Vinci no Louvre Jacky Naegelen/REUTERS
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O que há ainda por explorar quanto à Mona Lisa? Quantas cópias existem, qual a mais antiga, quem é a mulher na imagem, onde está o seu túmulo, crânio, tíbia ou fémur, se estava grávida ou acabada de dar à luz, até se tinha o colesterol elevado — todas estas questões foram tema de estudo nos últimos anos. Agora, é a vez de juntar mais uma teoria sobre onde foi pintada a Mona Lisa e qual é, afinal, a paisagem que está atrás do seu sorriso esfíngico. E a geóloga Ann Pizzorusso diz que é Lecco, nas margens do Lago Como, na Lombardia italiana. Este fim-de-semana, a historiadora está em Lecco a apresentar as suas conclusões.

O seu estudo, em relação ao qual demonstra grande entusiasmo — “Estou tão excitada com isto. Parece mesmo um golo certeiro”, diz, citada pelo semanário britânico The Observer — não é o primeiro a dar pistas sobre a vegetação, as águas e a ponte que enquadram La Gioconda. Tão recentemente quanto em 2022, e vincando uma tese de 2011, a paleontóloga Carla Gloria publicou um estudo em que dizia que lá atrás, Leonardo da Vinci pintou um detalhe da pequena cidade de Bobbio, uma localidade de 3500 habitantes na região de Emilia Romagna, no norte de Itália.

Essa tese não tinha só implicações geográficas, visto que permite reacender a polémica sobre quem é a mulher na imagem. Para Glori a retratada não é a florentina Lisa del Giocondo, ou seja La Gioconda, como também é conhecida a pintura, mas sim Bianca Giovanna Sforza, filha de Ludovico Sforza, duque de Milão que, no século XV, detinha o poder sobre Bobbio. Em 2023, uma outra pesquisa, desta feira do historiador Silvano Vincenti, afiançava que a Mona Lisa foi pintada com a Toscana em fundo, mais precisamente em Arezzo.

Agora é a vez de uma geóloga que é também historiadora de arte especializada no Renascimento reclamar a localização de uma das obras de arte mais conhecidas do mundo, explicando que teve em conta não só a ponte, porque aquele tipo era “ubíquo em toda a Itália e Europa” naquela altura, mas também a geologia — Ann Pizzorusso diz mesmo ao semanário britânico que “até alguém que não seja geólogo consegue ver as semelhanças” entre o recorte de Lecco, as suas colinas de calcário, e as cores escolhidas por Leonardo para as representar.

Depois há o factor água, visto que nem Arezzo nem Bobbio têm lagos nas imediações, insiste a investigadora, que andou na peugada da passagem de Leonardo na região e salienta a atenção ao detalhe e à verosimilhança que distinguiam o artista, pelo que as questões de coincidência de cor dos minerais ou da variedade das plantas são de grande importância.

Ann Pizzorusso é uma historiadora respeitada e junta agora o seu nome às várias teorias sobre a Mona Lisa, a mais famosa residente do Museu do Louvre. Aliás, Jacques Franck, antigo consultor sobre Leonardo Da Vinci para o museu francês, é taxativo na sua reacção às conclusões da geóloga e investigadora. “Não duvido por um segundo que Pizzorusso tenha razão na sua teoria, dado o seu perfeito conhecimento da geologia do país — e mais precisamente dos locais por onde Leonardo viajou durante a sua vida, que podem corresponder à paisagem montanhosa na Mona Lisa.”

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