Marta Pereira da Costa estreia ao vivo Sem Palavras, só guitarra portuguesa e piano

A guitarrista apresenta o seu novo disco este sábado na Casa da Música. Foi gravado em Madrid com o pianista cubano Iván Melón Lewis.

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Marta Pereira da Costa estreou em 2021 o formato de dueto de guitarra e piano DR
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Oito anos após a sua estreia com um disco homónimo, Marta Pereira da Costa voltou a estúdio para um projecto só de guitarra portuguesa e piano. Chamou-lhe Sem Palavras, título que pode ser entendido no sentido literal, pois enquanto o primeiro disco tinha canções, vários instrumentistas (José Peixoto, António Quintino, Quiné Teles, João Frade, etc.) e convidados (Camané, Dulce Pontes, Pedro Jóia, Richard Bona, Rui Veloso, Tara Tiba), este assenta apenas nos dois instrumentos e foi gravado com o pianista cubano Iván Melón Lewis, que divide os arranjos com a guitarrista portuguesa. Só num dos 12 temas o piano muda de mãos: é tocado por Alexandre Diniz, autor da música e dos arranjos de O primeiro passo.

Foi, aliás, com Alexandre Diniz que Marta Pereira da Costa experimentou, estreando-o em 2021, o seu primeiro dueto de guitarra portuguesa e piano. “Foi um projecto que começou no tempo da pandemia”, recorda ela ao PÚBLICO. “E foi uma maneira de nos mantermos ocupados. Lancei o desafio a cada membro da minha banda para fazermos duetos, já que não podíamos estar todos juntos, e o Alexandre foi aquele que se mostrou mais motivado e com mais vontade de desenvolver essa ideia. Então nasceu este projecto de guitarra e piano.” O tema O primeiro passo vem desse período. “Achei que fazia sentido guardar esse início e tê-lo registado neste disco.”

O contacto com Iván Melón Lewis deveu-se à cantora iraniana Tara Tiba, que participou no primeiro disco da guitarrista. “Ela convidou-me para gravar um fado, o Loucura, num disco dela. E esse disco [Omid, 2019] estava a ser produzido pelo Iván. Conheci-o nessa altura e tivemos muita empatia. Mantivemos contacto, ele acompanhando as minhas coisas e eu acompanhando as dele, e já lhe tinha lançado o desafio de gravarmos. Mas pensei que ia ser difícil, porque ele é uma pessoa muito ocupada, está sempre com muitos projectos e em muitas tournées.”

Conseguiu porém um período em que ele estava disponível e desenvolveram este projecto. “Foi num espaço muito curto de tempo, com muito trabalho à distância”, explica a guitarrista. “Eu ia-lhe mandando as músicas, ele mandava-me áudios e opiniões, e quando nos juntámos até fiquei bastante impressionada, porque nunca tinha trabalhado com ninguém tão profissional e tão rápido. Porque no momento do primeiro ensaio estava pronto para gravar.” Isso em Dezembro de 2023. Em Janeiro de 2024 fizeram as gravações, em apenas três dias.

“Vim de Madrid completamente deslumbrada. Sempre sofri muito com as gravações de estúdio e ali estava mesmo muito entusiasmada a reagir ao que ele me propunha quando tocava. Foi uma experiência marcante e a melhor que tive de estúdio. Foi muito especial, muito diferente”, conta.

O disco abre com um tema de Marta Pereira da Costa, Memórias, escrito em homenagem à sua avó, e tem mais três composições da guitarrista: Dia de feira, Palavras e Tempo parado, que fecha o disco, só com guitarra. Os outros são de José Luís Tinoco (Um homem na cidade, que Carlos do Carmo cantou no disco homónimo), António Pinho Vargas (Tom Waits) e Mário Pacheco (Além-terra), a que se juntam o cabo-verdiano Luís Rendall (Dr. Albertino) e a cubana Maria Teresa Vera (Veinte años). Sem Palavras contém ainda dois cruzamentos de temas de autores muito diversos, Verdes anos & Summertime (Carlos Paredes e George Gershwin) e Aranjuez & Spain (Joaquín Rodrigo e Chick Corea).

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Marta Pereira da Costa e a sua guitarra DR

A primeira apresentação ao vivo de Sem Palavras ocorrerá este sábado, na Casa da Música (21h), no Porto, e com Marta Pereira da Costa (guitarra portuguesa) e Iván Melón Lewis (piano) estarão a Companhia de Ballet Clássico de Leiria e o Conservatório Internacional de Dança Annarella Sanchez, para um acompanhamento coreográfico pensado por Enrique Pérez Cancio.

A ideia de juntar bailado ao dueto de guitarra portuguesa e piano foi de Marta Pereira da Costa. E ela explica porquê: “Quando as pessoas vêm a um concerto, quero que sejam levadas numa viagem do primeiro ao último instante, que tenham os sentidos estimulados com bastante dinâmica. E sendo um concerto com dois instrumentos em palco, o bailado, nos temas onde faça sentido, vai completá-los e trazer uma elegância e uma beleza que nós, estando estáticos, não conseguimos dar. Também temos umas imagens que trabalhámos, mas acho que estes momentos coreografados vão deixar as pessoas sem respiração, são incríveis.”

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