Presidente interino declarado vencedor das eleições no Chade

Resultados oficiais dão a Mahamat Idriss Déby Itno 61,03% contra 18,53% do seu mais directo rival, o primeiro-ministro Succès Masra, que contestou os resultados e declarou-se vencedor.

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"Agora sou o Presidente eleito de todos os chadianos", disse Mahamat Idriss Déby depois do anúncio dos resultados oficiais REUTERS/Stringer/File Photo
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A comissão eleitoral chadiana declarou esta quinta-feira Mahamat Idriss Déby Itno como vencedor das eleições presidenciais de segunda-feira com 61,03% dos votos, confirmando a vitória do até agora Presidente interino do Chade. De acordo com os resultados oficiais da Autoridade Nacional de Gestão das Eleições (ANGE), o seu principal rival, o primeiro-ministro Succès Masra, ficou num distante segundo lugar com 18,53%.

O anúncio da ANGE, 11 dias antes da data prevista para a divulgação dos resultados, que seria o dia 21 de Maio, levou os apoiantes do Presidente interino a saírem à rua para festejar a vitória, apesar da contestação de Masra. Que na quinta-feira se declarou como vitorioso, num discurso difundido pelas redes sociais: “Tudo foi conseguido, a vitória do povo nas urnas é retumbante”.

Afirmações desvalorizadas pelo director de campanha de Idriss Déby, Mahamat Zène Bada, que chamou a Masra, segundo a RFI, “presidente das redes sociais”, um político pertencente a essa classe de “transformadores que são mais populistas que populares".

Usurpador do cargo depois da morte na linha da frente dos combates contra os jihadistas, em 2021, do pai, Idriss Déby, que governou o país durante 31 anos, Mahamat Idriss Déby precisava da legitimidade das urnas para poder continuar a governar e a sua vitória era apontada como quase certa. Pela coligação de duas centenas de organizações e movimentos que se juntaram ao partido no poder, o Movimento Patriótico de Salvação (MPS), mas sobretudo porque vários opositores foram impedidos de se candidatar e um deles, Yaya Dillo Djérou, foi assassinado em Fevereiro num ataque dos serviços secretos internos chadianos (Agência Nacional de Segurança) à sede do seu partido.

“Um pequeno grupo de indivíduos recusou-se a aceitar a vontade da maioria dos chadianos e quer inverter a ordem dos números”, afirmou Succès Masra. “Acreditam que podem fazer crer que as eleições foram ganhas pelo mesmo sistema que governa o Chade há décadas."

O principal derrotado, político da oposição que aceitou regressar do exílio para assumir como primeiro-ministro, garantiu que a sua mensagem de vitória estava assente na “verdade das urnas”, baseada numa contagem paralela dos resultados nas mesas de voto levada a cabo por “observadores cidadãos”. Os números, afirmou Masra, citado pela RFI, são uma “inversão das coisas e dos números”.

Na semana passada, a Federação Internacional pelos Direitos Humanos, citada pelo diário francês Les Echos, já chamara a atenção para “uma eleição que não parece nem credível nem livre nem democrática”, realizada num “contexto nocivo” que ficou marcado por uma “multiplicação de violações de direitos humanos”. O partido de Masra, Os Transformadores, denunciou as “ameaças graves” contra os seus líderes e apoiantes e a vaga de “violências e prisões arbitrárias” depois do escrutínio.

O primeiro-ministro interino pediu ainda à polícia e aos militares que não aceitem o resultado oficial e deixem de seguir as ordens de Idriss Déby Itno. “Estas ordens levar-vos-ão a tomar o partido do lado errado da história do Chade, estas ordens levar-vos-ão a combater os vossos irmãos e irmãs, estas ordens levar-vos-ão a cometer o irreparável e o imperdoável", disse no discurso nas redes sociais. "Recusai-vos a obedecer a estas ordens injustas!"

Atrás do general Idriss Déby Itno e Masra ficou o antigo primeiro-ministro Albert Pahimi Padacke, com 16,91%, a maior percentagem de votos de todas as suas candidaturas desde que se lançou pela primeira vez na corrida em 2006. A participação nas eleições foi alta, com 75,8% dos recenseados a ir às urnas na segunda-feira.

Com estes resultados (que terão de ser validados pelo Conselho Constitucional), o Presidente interino é eleito à primeira volta: “Agora sou o Presidente eleito de todos os chadianos”, disse Idriss Déby Itno, depois da divulgação oficial.

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