Países Baixos suspensos dos ensaios do Festival da Eurovisão por organização

Joost Klein, o representante do país, e a sua Europapa foram apuradas para a final na quinta-feira à noite, mas hoje o artista foi suspenso devido a um “incidente”.

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Joost Klein, o artista dos Países Baixos que está impedido de ensaiar na Eurovisão até novo aviso Sarah Louise Bennett / EBU
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A União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) suspendeu os Países Baixos dos ensaios do 68.º Festival Eurovisão da Canção, a decorrer em Malmö, na Suécia, devido a um "incidente" com Joost Klein, o representante daquele país no concurso que foi apurado para a final esta quinta-feira à noite.

De acordo com a EBU, num comunicado citado pela agência de notícias EFE, está a ser investigado "um incidente", participado àquela organização e que envolve o artista Joost Klein. O representante dos Países Baixos "não irá ensaiar até novo aviso", refere a EBU, acrescentando que não fará mais comentários sobre o caso, que será actualizado "em tempo devido".

Joost Klein, que canta Europapa no festival, participou esta sexta-feira no ensaio do desfile de bandeiras que marca o início da cerimónia final do concurso, marcada para sábado.

No entanto, o representante dos Países Baixos não apareceu em palco quando chegou a sua vez de actuar, em quinto lugar, antes da candidata de Israel, Eden Golan.

Os dois cantores protagonizaram uma situação tensa, na quinta-feira, na conferência de imprensa dos países qualificados da segunda semifinal do concurso.

Na conferência de imprensa, um jornalista polaco questionou a artista israelita sobre a sua responsabilidade no maior nível de alerta terrorista que se vive em Malmö.

"Ao estar aqui, é um risco para a segurança e um perigo para todos. Não se importa com isso?", perguntou. O moderador da conferência de imprensa lembrou Eden Golan de que não era obrigada a responder à questão. "Por que não?", questionou o artista dos Países Baixos em voz alta. O episódio viralizou nas redes sociais.

Apesar de não ser obrigada a responder, a cantora israelita disse crer estarem todos no Festival Eurovisão da Canção por uma razão, "e que a EBU tomou todas as precauções para que seja seguro para todos".

Israel e os Países Baixos são dois dos 26 países que disputam no sábado a final da edição deste ano do concurso, entre os quais está também Portugal, representado por Iolanda e a canção "Grito".

A 68.ª edição do Festival Eurovisão da Canção está a ficar marcada pelo conflito israelo-palestiniano.

O conflito, que dura há décadas, intensificou-se após um ataque do grupo palestiniano Hamas em Israel, a 7 de Outubro, que causou quase 1.200 mortos, com o país liderado por Benjamin Netanyahu a responder com uma ofensiva que provocou mais de 34 mil mortos na Faixa de Gaza, segundo balanços das duas partes.

Vários apelos foram feitos por representantes políticos e artistas europeus à EBU para que a participação de Israel no concurso fosse vetada.

Entre os vários apelos, no final de Março, representantes de nove países, incluindo Portugal, assinaram uma carta na qual pediam um "cessar-fogo imediato e duradouro" na guerra na Palestina e o regresso de todos os reféns israelitas.

Na altura, a EBU recordou que o festival é um evento "apolítico". No entanto, em 2022 foi decidida a expulsão da Rússia do concurso na sequência da invasão da Ucrânia.

Na quinta-feira, milhares de pessoas percorreram as ruas de Malmö a pedir a expulsão de Israel do Festival Eurovisão da Canção, por causa da ofensiva levada a cabo por aquele país na Faixa de Gaza.

De acordo com a agência espanhola EFE, o protesto, que teve início às 16h locais (15h em Lisboa), foi convocado pela plataforma Parem Israel, pela paz e por Palestina livre, que agrupa mais de 60 organizações.

A representante portuguesa, iolanda, apresentou-se no domingo na "passadeira turquesa" (onde desfilam os representantes de todos os países, marcando assim o início dos espectáculos ao vivo do concurso), em Malmö, com um vestido de uma marca palestiniana e as unhas pintadas com o padrão do keffiyeh, um lenço que é símbolo da resistência palestiniana.

Na terça-feira, o conflito foi levado para palco, durante o número de abertura da primeira semifinal, pelo cantor Eric Saade, que representou a Suécia no concurso em 2011 com Popular. Eric Saade, de ascendência palestiniana, cantou com a mão esquerda envolta num keffiyeh.

Na quinta-feira, quando a representante israelita esteve durante a segunda semifinal do concurso, ouviram-se assobios, nomeadamente na parte inicial da actuação.

Já na quarta-feira, nos ensaios, que tal como as semifinais e final são abertos ao público, Eden Golan tinha sido vaiada por alguns dos presentes.

Israel foi o primeiro país não-europeu a poder participar no concurso de música, em 1973, e ganhou quatro vezes, incluindo com a cantora transgénero Dana International, em 1998.