Professor suspeito de abuso sexual de alunas fica em prisão preventiva

Detido manteve-se em silêncio perante o juiz de instrução. Investigação vai ser alargada e Judiciária admite que docente seja autor de mais do que os 2000 crimes até ao momento apurados.

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Detido foi presente a juiz no Tribunal de Braga esta quinta-feira BARBARA RAQUEL MOREIRA (Arquivo)
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O professor de uma escola do 1.º ciclo da Póvoa de Lanhoso que foi detido por suspeitas de mais de 2000 crimes de abuso sexual de crianças vai ficar em prisão preventiva. A informação foi confirmada ao PÚBLICO esta quinta-feira por fonte judicial. A medida de coacção foi decretada esta manhã pelo juiz de instrução do Tribunal de Braga, onde o docente foi apresentado para primeiro interrogatório.

Este homem, de 50 anos, já tinha sido levado ao tribunal na véspera, mas a diligência não pôde ser realizada devido à greve dos funcionários judiciais. Regressou esta quinta-feira, tendo-se mantido em silêncio perante o juiz de instrução.

O professor foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) na sequência de uma investigação que, nas últimas semanas, permitiu encontrar indícios de 2000 crimes de abuso sexual de crianças, a maioria deles agravado, cometidos “em contexto de sala de aula” (uma mesma criança pode ter sido abusada várias vezes). A PJ admite, porém, que o número total de crimes cometidos pelo docente possa ser muito superior, preparando-se para alargar o âmbito da operação que, para já, se centrou em actos praticados nos últimos sete anos.

O professor em causa dá aulas no 1.º ciclo no Agrupamento de Escolas Gonçalo Sampaio, na Póvoa de Lanhoso. Os casos mais antigos dos alegados abusos sexuais contra os seus alunos – crianças dos 6 aos 9 anos, segundo a PJ – remontam ao ano lectivo 2017/18. Terá sido nesta altura que o professor agora detido deu aulas às alunas de quem partiu a denúncia. As estudantes, hoje adolescentes e a frequentarem a Escola Secundária da Póvoa de Lanhoso, o outro agrupamento escolar do concelho, contaram a situação que viveram a colegas mais velhas.

Em causa estão comentários sexuais e insinuações, mas também toques impróprios nas crianças com as quais trabalhava, muitos deles em contexto de sala de aula. Foram estas alunas mais velhas que fizeram chegar a situação ao conhecimento da direcção da escola secundária, que a comunicou à PJ.

O PÚBLICO tenta desde ontem, sem sucesso, chegar ao contacto com a direcção do Agrupamento de Escolas Gonçalo Sampaio, onde o docente detido dava aulas.

A investigação vai ser alargada no tempo e no espaço. O professor dá aulas na Póvoa de Lanhoso há cerca de uma década, mas antes já tinha passado por escolas do Porto, Vila Nova de Gaia, Barcelos e Amares. É, “por isso, ainda desconhecida a real dimensão da sua actividade criminosa”, avança a Judiciária, em comunicado, admitindo que o número real de crimes praticados por este docente possa ser bem superior aos 2000 que já foram até agora apurados.

“Do que foi possível apurar até ao momento, 2000 crimes de abuso sexual de crianças, a maioria agravado, e também, pelo menos, um crime de pornografia de menores”, avançava em comunicado, na quarta-feira, a PJ, que investiga o caso através do Departamento de Investigação Criminal de Braga.

Ainda segundo a Judiciária, foram também realizadas buscas na escola EB 1 onde o professor em causa dava aulas, na sequência das quais “acabaram por ser localizados e apreendidos alguns objectos que poderão estar relacionados com a prática dos referidos crimes”.

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