Marcelo vai “querer conhecer” acordos militares de S. Tomé e Guiné com Rússia

Presidente da República prefere falar do Dia da Europa e citar António Costa para dizer que a UE deve continuar a ser a “garantia de segurança” do Velho Continente.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA
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O Presidente da República diz não conhecer qualquer acordo militar entre a Guiné-Bissau e a Federação Russa, nem os termos da cooperação militar que São Tomé e Príncipe retomou com o mesmo país, mas que avisa que vai "querer conhecer". Nada mais disse Marcelo Rebelo de Sousa sobre este relacionamento de países da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa com o país liderado por Vladimir Putin, quando questionado pelos jornalistas à saída do Fórum das Ordens Profissionais que o chefe de Estado abriu esta tarde no Instituto Superior Técnico.

Mas o Presidente da República falou sobre Europa, cujo dia se assinala nesta quinta-feira e sobre a necessidade de cooperação entre o continente europeu e o africano. Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de citar António Costa - a quem tem "empurrado" nos últimos meses para um cargo europeu - para salientar que a União Europeia "tem um papel fundamental a desempenhar e é para já a garantia de segurança" de todo o Velho Continente. "O que significa o apoio à Ucrânia relativamente à invasão russa, mas, por outro lado, também [um papel em termos de] recuperação económica, a garantia da mobilidade, o relacionamento com outros continentes mais próximos como África" ou a América, sobretudo através da NATO.

Defendeu que a Europa "está sempre muito, muito atenta àquilo que se passa em África. E nós em particular, porque não esqueçamos que temos forças nacionais destacadas com várias missões em vários Estados de língua portuguesa, e noutros que não têm língua portuguesa, para garantir a estabilidade, a segurança, as condições humanitárias, sem as quais é muito, muito difícil haver o que todos desejamos, que é um grande futuro para os países africanos e um grande futuro para a colaboração entre a Europa e África."

Questionado sobre o que Portugal pode fazer no âmbito da CPLP sobre estas aproximações à Federação Russa, o Presidente não respondeu, preferindo lembrar o que se passou sobre a análise dos países desta comunidade aquando da invasão da Ucrânia. "Em algumas das votações nas Nações Unidas, a CPLP dividiu-se muito. Houve uma em que o número de países da CPLP que alinhou com a Ucrânia e a condenação da invasão russa foi inferior ao número de países que estiveram ausentes ou se abstiveram."

Mas lembrou que "isso foi mudando e, nessa mudança, naturalmente Portugal teve um papel a desempenhar". E espera que também neste caso, Portugal "desempenhará o papel que entende competir-lhe em conjunto, em paridade a posições com outros membros da CPLP para salvaguardar a unidade" da comunidade. Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que há "diversidade de pontos de vista", mas acredita numa "convergência" mínima, afirmou, antes de virar as costas aos jornalistas.

Para além da Guiné-Bissau, cujo Presidente Umaro Sissoco Embaló está em Moscovo para uma visita oficial e como convidado das cerimónias do Dia da Vitória (data em que os russos celebram a vitória sobre a Alemanha nazi na II Guerra Mundial), a Guiné Equatorial é outro dos parceiros que já mostrou vontade de cooperar com Moscovo. No caso de Embaló, esta é a terceira vez que visita a Rússia desde que assumiu o cargo, depois da visita oficial de 2022 e da sua presença na cimeira Rússia-África do ano passado em São Petersburgo. E quando à Guiné Equatorial, a Rússia abriu este ano uma embaixada em Malabo (o embaixador, Georgy Todua, apresentou as credenciais em Março), e fala-se que poderá ser o palco da terceira cimeira Rússia-África, a primeira a realizar-se em território africano.

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