IL chama MNE por estar “preocupada” com aproximações de países da CPLP à Rússia

Os liberais estão “preocupados” com a aproximação de alguns países da CPLP à Rússia e pede ao Governo que esclareça que passos dará para garantir o respeito pelos direitos humanos.

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Rodrigo Saraiva, da Iniciativa Liberal, entregou um requerimento para ouvir o ministro dos Negócios Estrangeiros Nuno Ferreira Santos
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A Iniciativa Liberal (IL) irá chamar o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, ao Parlamento para esclarecer o papel de Portugal na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em causa está a visita de dois países desta comunidade à Rússia. Para a IL, a proximidade de São Tomé e Príncipe e da Guiné-Bissau com a Rússia é "preocupante, uma vez que estão em causa "valores como a liberdade e respeito pelos direitos humanos".

Em declarações aos jornalistas nos Passos Perdidos da Assembleia da República, o deputado Rodrigo Saraiva explicou que a presença da Guiné-Bissau na Federação Russa para um acordo militar é razão para que "de uma vez por todas", Portugal faça "um debate sobre o que une a CPLP" e que "não seja apenas a questão linguística".

O deputado da IL afastou ainda qualquer "confusão" e "relação" com a discussão em torno das reparações históricas. "Temos de parar e dizer que é preciso debater e não esconder o tema", pediu. Para Rodrigo Saraiva, as aproximações entre os países da CPLP e a Rússia devem "tocar o alarme".

"O Governo é quem dirige a política externa no âmbito da CPLP e terá de ter uma acção que se coadune", argumentou. "Estarmos numa comunidade não pode ser só pela língua que nos une, essa comunidade tem de ser muito mais do que isso, tem de haver respeito pelos princípios, valores, liberdade e direitos humanos. Se for apenas a língua que nos une, não faz sentido estar nesta comunidade, que é muito mais do que isso", afirma Rodrigo Saraiva. "Portugal não pode estar na CPLP de forma surda e muda", completou o deputado.

No requerimento que a IL entregou esta quinta-feira na Assembleia da República, lê-se ainda que "não devemos esquecer ainda as infelizes declarações do Presidente Lula da Silva no ano passado sobre a invasão russa da Ucrânia, ou a presença do Grupo Wagner em Moçambique, existindo outros exemplos não só da influência (ou tentativa de) do Kremlin nos países da CPLP, como do autêntico desdém pelos mais básicos valores democráticos, pelos quais todos nos devíamos reger".

Em declarações à CNN, fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que "a CPLP é uma organização de Estados soberanos, baseada na igualdade e no respeito mútuo, em que, em regra, não se fazem pronunciamentos públicos sobre actos de política externa de cada um dos seus Estados membros", garantindo que o acordo entre os países africanos que integram a CPLP e a Rússia não prejudica a relação com Portugal.

Ainda assim, a IL "considera que é imperativo que o Ministro dos Negócios Estrangeiros venha clarificar quais serão os passos dados por Portugal no caso específico de São Tomé e Príncipe, perante o acordo por este país firmado, de forma a mitigar a influência russa no arquipélago, e de forma geral em todos os países da CPLP".

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