O Rio Grande do Sul chegou nesta quinta-feira à marca de 107 pessoas mortas na sequência das chuvas que atingem o estado brasileiro. A quantidade de óbitos foi informada pela Defesa Civil estadual pela manhã.
O número de mortos pode aumentar nos próximos dias, pois há um total de 136 desaparecidos, além de 374 feridos. Há uma morte em investigação para determinar se, de facto, teve relação com os temporais.
Há pelo menos 400 mil pontos sem energia e 500 mil sem água no Rio Grande do Sul na sequência das fortes chuvas que atingiram a região ao longo da última semana.
A Defesa Civil informa, também, que há 67.542 sem abrigo, instalados em alojamentos cedidos pelo poder público, e 163.786 desalojados.
As aulas foram suspensas nas 2338 escolas da rede estadual e mais de 327 mil alunos foram afectados. Até esta quarta-feira, foram 941 escolas afectadas, 421 danificadas e 71 servem de abrigo.
A tragédia tem sido comparada ao furacão Katrina, que em 2005 destruiu a região metropolitana de Nova Orleães, no Luisiana (EUA), atingiu outros quatro estados norte-americanos e causou mais de mil mortes.
Profissionais de saúde apontam semelhanças entre as duas tragédias, como a falta de prevenção de desastres naturais e a inexistência de uma coordenação centralizada de decisões. Colapso nos hospitais, dificuldade de as equipas de saúde chegarem aos locais de trabalho e desabastecimento de medicamentos e outros recursos são outras semelhanças apontadas.
O nível da água do lago Guaíba, que inundou a capital Porto Alegre, caiu 10 centímetros nas 24 horas entre a manhã de quarta e de quinta-feira. Às 6h desta quinta-feira (mais quatro horas em Portugal continental), segundo informações da ANA (Agência Nacional de Águas), a altura estava em 5,04 metros.
Este é o menor nível desde o último sábado, mas, ao mesmo tempo, acima do limite. Ruas e avenidas da capital gaúcha continuam alagadas na manhã desta quinta.
Ao mesmo tempo, o governo gaúcho alertou na segunda-feira para o risco de enchentes nos municípios localizados nas margens da Lagoa dos Patos. A água que bloqueia as ruas da região metropolitana desce pela lagoa em direcção ao mar, o que pode acontecer rapidamente ou de forma mais lenta, dependendo da direcção do vento.
O regresso da chuva e de ventos fortes à região de Porto Alegre nesta quarta-feira fez a autarquia suspender o resgate das vítimas das enchentes históricas. A previsão, segundo o Inmet, é que a temperatura caia no Rio Grande do Sul nesta semana.
Exclusivo PÚBLICO/Folha de S. Paulo