ONU confirma que não entrou ajuda em Gaza por Rafah ou Kerem Shalom

Israel reabriu a passagem de Kerem Shalom esta quarta-feira para a entrada de apoio humanitário em Gaza, mas encerrou-a horas depois, sem que qualquer ajuda chegasse aos palestinianos.

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Palestinianos recebem comida de equipas de ajuda humanitária em Rafah Hatem Khaled / REUTERS
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O porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas (ONU) confirmou esta quarta-feira que, até ao momento, não entrou na Faixa de Gaza qualquer mercadoria para fins humanitários, quer através da passagem de Rafah, na fronteira com o Egipto, quer de Kerem Shalom, que separa Gaza do território israelita.

“Estamos envolvidos com todos os actores na retomada da entrada de mercadorias, inclusive combustível, para que possamos voltar a gerir os produtos recebidos. No entanto, a situação permanece extremamente fluida e continuamos a enfrentar uma série de desafios, no meio de hostilidades activas”, assinalou Stéphane Dujarric, em conferência de imprensa, a partir de Nova Iorque.

O porta-voz de António Guterres reforçou a importância do envio de combustível para sustentar as operações humanitárias em Gaza, num momento em que a quantidade que a ONU tem disponível é apenas suficiente para algumas horas.

Kerem Shalom foi reaberta por Israel esta quarta-feira (após três dias) para a entrada de ajuda humanitária em Gaza, mas voltou a ser encerrada horas depois, após um alegado ataque do Hamas, não chegando a passar qualquer ajuda para o enclave palestiniano.

Segundo afirmam as Forças de Defesa de Israel (IDF), citadas pela agência Efe, este terá sido o terceiro ataque do Hamas a Kerem Shalom na última semana.

Aos jornalistas, Stéphane Dujarric alertou que as principais instalações médicas em Rafah, também no Sul da Faixa de Gaza, poderão em breve tornar-se inacessíveis ou inoperantes. A título de exemplo, o porta-voz indicou que um dos três hospitais de Rafah – o Al-Najjar – teve de ser evacuado abruptamente na terça-feira, por estar numa área sujeita às ordens de retirada das IDF.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, esta unidade tem o único departamento de diálise ainda em funcionamento em toda a Faixa de Gaza — “uma tábua de salvação para cerca de 200 pacientes que necessitam desse serviço”.

A passagem de Rafah, de Gaza para o Egipto, era o único posto fronteiriço do enclave que escapava à soberania israelita, mas isso parece ter mudado esta terça-feira, quando as IDF afirmaram ter tomado o controlo operacional da passagem e decidiram encerrá-la.

Enquanto o fecho total de fronteiras agrava uma situação humanitária já catastrófica, Israel intensificou nas últimas horas os bombardeamentos contra Rafah, onde estão encurralados mais de um milhão de palestinianos.